Terça-feira, 14.02.12

Durante um ano, José deixou uma flor todos os dias na última carruagem do metro em Santa Apolónia
Durante um ano, José deixou uma flor todos os dias na última carruagem do metro em Santa Apolónia (Rita Chantre)
A flor que todos os dias viaja clandestinamente no metro de Lisboa vai dar o salto. O Sinal de Alarme cumpre nesta terça-feira um ano e José convocou todos os seguidores a levar com ele, à mesma hora, flores para Santa Apolónia. Uma espécie deflash mob para fechar um ciclo. Depois, vai dedicar-se ao “terrorismo cultural”. Mas o projecto não morre: internacionaliza-se.

A abertura à própria comunidade é a primeira fase de transformação do Sinal de Alarme, que José mantém sem falhas há um ano: planta diariamente uma flor e um aforismo na última carruagem do metro em Santa Apolónia, sem destinatário definido, para espalhar o amor pela capital. Nunca falhou, passando por cima de férias, festas, viagens, funerais.

Esta ideia e este compromisso inabalável apaixonaram milhares de pessoas, que acompanham o Sinal da Alarme através do Facebook. São esses seguidores (e outros) que José exorta a plantarem flores nos sinais de alarme dos transportes públicos que utilizarem de amanhã de manhã, às 8h29, a fotografar e a enviarem-lhe as provas do “crime”. Vai passar o dia ao computador, a publicar as imagens que for recebendo. “Tirei folga no trabalho. Este dia é sagrado”, diz ao PÚBLICO. (Pelo aniversário do projecto. “O dia dos namorados é um acaso.”) 

Cada flor deve ser acompanhada por um aforismo que complete a fórmula “A paixão é… O amor é…” e levar bem visível: “É favor roubar a flor e espalhar o amor”. Deve ainda seguir uma carta de amor, que peça resposta (e instruir para que esta segunda carta comece com a frase escrita por fora: “A paixão é… O amor é…”). As cartas têm de ser anónimas e escritas à mão. As respostas serão endereçadas para um apartado especificamente criado para o efeito. José espera criar um “reportório de cartas anónimas”, embora não saiba o que fará com ele.

Ao início da noite vai ele próprio fazer o “crime” 365. Mas não quer ir sozinho desta vez e por isso convocou toda a comunidade a juntar-se a ele em Santa Apolónia, às 20h29 (“porque é um minuto antes das 20h30; só por isso”) e a entrar (“se coubermos”) na última carruagem do metro. Cada um munido de flor e carta, claro. Depois, José segue para o Sou – Movimento e Arte, espaço cultural nos Anjos, em Lisboa – onde durante 12 horas estarão a passar todas as fotografias do Sinal de Alarme –, para anunciar o manifesto do projecto e deixar cair o anonimato. “É o melhor para terminar a coisa e não alimentar mitos como o José.”

Exportar cartas de amor

A segunda fase da transformação começa aí. O Sinal de Alarme deixa de ser diário e passa a mensal. A autoria dos aforismos muda de mãos, das de José para as da comunidade: todos os meses serão votadas, no Facebook, frases enviadas pelos seguidores do Sinal de Alarme; a vencedora acompanhará a flor desse mês. As flores passam a ser plantadas a 14 de cada mês, Santa Apolónia deixa de ser local obrigatório e José deixa de ser o único a fazê-lo. A ideia é que todos deixem flores nos transportes públicos que utilizam no mesmo dia e com a mesma frase.

Em qualquer parte do planeta. José pretende criar “uma corrente a nível mundial” para espalhar o amor. E não é tão megalómano quanto parece. Há gente disposta a promover essa internacionalização: nos últimos meses, José recebeu pedidos para replicar o projecto em Paris, Londres, Salamanca, Pequim e São Paulo. Com este novo modelo, mensal, passa a ser possível. Mas José impõe uma regra: que as frases que acompanham as flores sejam escritas em português, mesmo que seja plantada na China. “É obrigatório que a frase seja escrita em português e sem acordo ortográfico, com os cc e com os pp. As instruções são na língua de cada país.”

“Podem ir ao Google descobrir o significado das frases. Nós também somos obrigados a traduzir as troikas da Alemanha e da França. De resto, causa mais curiosidade a quem vai no metro ver um bilhete numa outra língua”, afirma. “Foi uma coisa que nasceu aqui, em Santa Apolónia, Lisboa, e tem potencial para se transformar numa coisa mundial porque é muito simples. E o português é uma marca da sua identidade.”

“É uma das línguas mais faladas do mundo. É um expoente da nossa cultura e tem potencial para ser mais exportada do que os pastéis de Belém. Não se estraga com o calor, não tem muitas calorias e os aforismos de amor fazem muito melhor ao coração do que açúcar e canela”, continua.“As respostas podem vir em qualquer língua, desde que comecem com aquela frase. Pode haver quem queira escrever em português mesmo com erros. Cartas de amor com erros são das coisas mais belas que pode haver, porque revela a fragilidade das pessoas.”

O meu amor é um falcão

A fragilidade de José é esta: apesar de o Sinal de Alarme deixar de ser diário, de Santa Apolónia deixar de ser uma obrigatoriedade física quotidiana, de o compromisso com o projecto ser aparentemente muito menor – o que cabe nos conselhos e preocupações de família e amigos –, José não consegue deixar de intervir incessantemente no espaço público. Por esta altura, já descobriu uma evolução deste projecto para ocupar os seus dias. Chama-lhe “terrorismo cultural”.

“Neste sítio [Santa Apolónia] vou ter de parar, mas talvez continue a deixar uma flor todos os dias em sítios diferentes – por exemplo, num balcão do Montepio, à porta do Banco de Portugal, num carro da GNR. Terá algo de terrorismo cultural: num determinado dia posso pensar que é preciso um sinal de alarme num lugar específico, uma resposta à realidade”, adianta ao PÚBLICO. “A arma será sempre o amor.”

“A maior lição que retiro do Sinal de Alarme é que uma acção feita de forma regular, diária, tem um resultado explosivo que ultrapassa as nossas expectativas”, conta. “E a ligação à realidade é importante. Uma das fotografias mais bonitas [do Sinal de Alarme] foi a [do dia] da greve do metro.” Outro dos “crimes” que José recorda para o balanço é o que foi cometido a 19 de Maio, depois de o FC Porto vencer a Liga Europa. Escreveu assim: “O meu amor é um falcão que não distingue o céu do mar”.

Essa ligação com a realidade vai poder ser vista na exposição preparada para o Sou, onde serão projectadas as fotografias de todos os crimes ao longo de 12 horas (uma hora para cada mês), “com as pessoas completamente alheadas a ir para o trabalho, a namorar, o músico a pedir esmola… Lisboa num ano”. O bilhete para entrar é uma flor que, além da entrada, vale um papelinho com a frase de um dos crimes. Mais? “Não sei se haverá bolachas. Depende dos cúmplices.”

A cumplicidade dos amigos permitiu-lhe que as flores nunca tivessem falhado no metro. Isto porque houve três que não foram plantadas por José. “Foi uma peça de teatro para crianças que, por estar em itinerância, me impossibilitou de cá estar fisicamente”, conta. Duas dessas flores foram as de sexta-feira e sábado passados. José deixou as flores com um amigo e as cartas no Sou. Quando o amigo as foi buscar, não se sabia onde estavam. Ligaram-lhe. Voltaram a procurar. Quando ligaram de volta para dizer que tinham encontrado, já José estava num táxi, em Ílhavo, a caminho da estação de comboios de Aveiro, para voltar a Lisboa e regressar para fazer a peça. “Ia sair-me caro, mas tinha de ser a minha letra, com aquelas frases.”

 

Via Público



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Segunda-feira, 09.01.12
Um grupo de cidadãos «rebaptizou» no sábado seis estações do Metro de Lisboa com nomes de empresas e do FMI para protestar contra o patrocínio da PT na paragem da Baixa-Chiado.

Um grupo de amigos voltou a colar vários autocolantes com logótipos de empresas e do FMI nos diagramas de rede das carruagens das composições que circulam nas linhas verde, vermelha e amarela do Metro de Lisboa.

 

'Restauradores Repsol', 'Marquês de Pombal EDP', 'São Sebastião Banco BIC', 'Campo Grande Zon Multimédia', 'Oriente Vodafone' e 'Terreiro do Paço FMI' (Fundo Monetário Internacional) são os nomes atribuídos mais uma vez pelo grupo, que há uma semana tinha colado a primeira série de autocolantes.

 

«Queremos usar o diagrama como forma de protesto com a parceria da PT na Baixa-Chiado [que alterou o nome da estação para Baixa-Chiado PT Bluestation em Setembro] o Metro está a vender o espaço público, uma decisão que não foi debatida com os cidadãos e da qual não há nenhuma informação disponível», disse à agência Lusa um dos anónimos que está envolvido na acção.

 

As cerca de 20 pessoas envolvidas nesta acção são utilizadores do Metro, estão ligadas à área da comunicação, design e arquitectura, têm entre 25 e 50 anos e viram nos autocolantes uma forma de demonstrarem a sua indignação pela parceria com a PT.

 

«Ninguém diz que não possa haver mecenato de empresas privadas a públicas, mas há outras formas de o fazer. Não esta apropriação do espaço público. Há espaços para a publicidade, não é ocupar todo o espaço, que as pessoas têm de usar especificamente para se deslocarem», afirmou à Lusa outra das pessoas ligadas ao grupo.

 

«Nós somos cidadãos e utilizadores antes de consumidores de marcas. Queremos que as pessoas ao verem os autocolantes debatam este tema. Depois da Baixa-Chiado o que acontece? As restantes estações também vão ser vendidas? Até onde é que vamos? Qual é que é o limite da venda do espaço público», questionaram.

 

Além de lançar o debate, este grupo de cidadãos pretende que a parceria da PT na Baixa-Chiado “seja uma vez sem exemplo” e que «acabe já», pela «invasão da marca» no espaço público.

 

«Queremos dizer basta às marcas, mas também defender que as empresas públicas não podem ser como os cegos que andam no Metro e perguntam 'Quem tem a bondade de me auxiliar?'. Não podem ser os directores de marketing a decidir como é que o espaço público funciona», afirmaram.

 

Com a parceria, que dura quatro anos, além da alteração do nome, a estação da Baixa-Chiado ganhou cores azuis, que identificam a marca da empresa de telecomunicações, um painel informativo, wi-fi grátis, 'delimitadores' de plataforma iluminados e um programa lúdico-cultural durante os 365 dias do ano, com acções temáticas diárias sempre diferentes e um tema por mês.

 

Via Sol



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Terça-feira, 27.12.11

Desde o dia dos namorados que José deixa uma flor e uma mensagem no metro de Lisboa

Desde o dia dos namorados que José deixa uma flor e uma mensagem no metro de Lisboa (Rita Chantre)

 

Há mais de dez meses que, todos os dias, uma flor viaja clandestinamente no metro de Lisboa. José propôs-se a espalhar o amor pela capital durante um ano, com flores e poesia para quem as quiser apanhar. Não falhou um único dia. E já obteve resposta.

 

É dia dos namorados, 14 de Fevereiro, em Lisboa. Um jovem entra num restaurante, para um “jantar de encalhados”. Gente sem namoro reunida para uma refeição cercada por casais e flores e velas e beijinhos. Sairá comprometido com o peculiar projecto de espalhar o amor pelos subterrâneos da capital, plantando diariamente flores na última carruagem do metro, linha azul, a partir de Santa Apolónia. Mas ainda não sabe.

Há uma rosa na mesa e a brincadeira dita que fique para quem estiver “encalhado” há mais tempo. José, 28 anos, denuncia-se e fica com ela. No regresso a casa, olha a alavanca que serve para accionar o sinal de alarme do metro e engendra uma brincadeira romântica para acabar o dia. Escreve uma mensagem: “Só me volto a encontrar contigo quando apanhares a flor que vai no metro da linha azul”. Envia e fica à espera.

A rosa não chega ao destinatário. Nem a segunda flor, enviada no dia seguinte, nem a terceira. Enquanto falha, mais uma vez, pensa: “Isto teria piada se fosse para toda a gente”. E é com esta reflexão que nasce a ideia de, durante um ano, plantar uma flor no sinal de alarme do metro. Uma por dia, sem falhar, endereçada a quem a encontrar. Cada flor leva um aforismo e pede resposta, por carta, “para obrigar as pessoas a parar”. 

“A paixão é tremoço, o amor é azeitona”

“Perdeu-se uma coisa, ganhou-se outra”, lembra José ao PÚBLICO, relativizando a insucesso da primeira empreitada, com destinatário certo. “Estava com vontade de escrever à mão cartas de amor, bilhetes. E [esta ideia] foi um estímulo para escrever todos os dias, para fazer um exercício de escrita criativa: escrever frases de amor, definições ou não, que me surgem no dia-a-dia. Coisas patéticas como ‘A paixão é tremoço, o amor é azeitona’. E qualquer pretexto serve. As frases são inesgotáveis.”

Esta é a parte prática da história de José, que não revela o resto do nome porque considera que o seu anonimato coloca a ênfase no projecto, que designou Sinal de Alarme. O título tem uma origem absolutamente prosaica, como acontece com os aforismos: é na alavanca do sinal de alarme do metro que as flores são postas a circular por Lisboa. O conceito é construído em cima dessa mundanidade.

O mesmo acontece, por exemplo, com o destino das flores, o fim da linha azul: à vista desarmada é apenas Amadora; numa perspectiva romântica, é o “feminino de quem ama”. É isso que o Sinal de Alarme faz: transforma o quotidiano em romance e assume posições. Incluindo em momentos importantes da vida nacional, em dia de eleições, de manifestações ou greves, na declaração do fado como Património da Humanidade. “A paixão faz greves, o amor faz revoluções”, lia-se a 24 de Novembro, dia de greve geral.

É a política a imiscuir-se nos afectos. José não tem qualquer pejo em assumir o seu carácter interventivo: “O amor também é política. Claro que é. E é importantíssimo que assim seja. O amor tem de se comprometer com alguma coisa”. Mas não se fica por aí: há a questão das flores, de onde as vai apanhar. “O Banco de Portugal, na Almirante Reis, tem um canteiro fantástico. E, por uma questão de justiça social, vou deixar de as comprar e passar a levar as do Banco de Portugal. Quando estiver sem flores, eu assumo as culpas. Só tenho de ter cuidado com aquilo, que pica.”

O crime e a resposta

Santa Apolónia é uma estação terminal e os maquinistas têm de sair da cabine da carruagem que, com a mudança de direcção, se transforma na última, percorrer todo o veículo e entrar na cabine lá na outra ponta. No minuto que essa operação dura, José planta a flor no sinal de alarme e tira uma fotografia. Não pode fazer uma coisa nem outra – e sabe que está a ser vigiado, através das câmaras –, mas nunca foi incomodado.

Nem pelos responsáveis do metro, nem pelas pessoas que, sobretudo em hora de ponta, enchem a estação. “Às vezes encostam-se ao sinal e é mais complicado [pôr a flor]. De resto, não dizem nada. São poucos os curiosos que vão ver o que aquilo é”, observa. As reacções chegam-lhe sobretudo via Facebook, onde mantém uma página dedicada ao Sinal de Alarme, com fotografias de cada “crime” e com as respostas que recebe.Foi através daquela rede social que um maquinista partilhou a fotografia de uma flor que colheu no metro. É naquela rede social que os “fãs” do Sinal de Alarme gostam, comentam e partilham as melhores frases, que ficam abismados com os desvarios proporcionados pelas bodas do projecto – a cada 50 ou 100 dias que passam, José faz acompanhar as flores de objectos estranhos, como um vaso de alface, uma camisa ou um abacaxi; na última boda, já neste mês, um bacalhau seguiu em direcção à Amadora. “A ideia é fazer sorrir as pessoas que vão para o trabalho, muitas vezes sob stress”, diz.

“O Sinal de Alarme provoca sorrisos deliciosos nas pessoas mais sisudas e sérias”, conta, revelando que nunca acompanhou uma flor durante todo o percurso. A escolta, às vezes, dura apenas duas paragens. “Não fico muito tempo. O meu papel é pôr a flor. Depois, o metro que a leve e as pessoas que façam o que quiserem.” Algumas apanham-na e nada dizem; outras enviam perguntas por e-mail; outras ainda aceitam o desafio de responder por carta. Não muitas: sete, uma das quais a partir do Canadá.

As cartas são anónimas. Faz parte das regras – afinal, são respostas a um “crime”. “As pessoas escrevem de forma mais livre, mais pura, sem se comprometerem com nada. É uma forma de desabafarem, de se conhecerem um pouco melhor. É mais para elas que para mim”, sublinha. “O acto de parar, sentar, pensar, pegar na caneta e começar a desenhar as letras é importante. O Sinal de Alarme é mesmo uma paragem. Como no Caos Calmo [filme de Antonello Grimaldi], quando o Moretti perde a mulher e passa todo aquele tempo parado, sentado no banco. É isso que faz falta. Se accionares o sinal de alarme no metro, ele pára. As cartas são isso: parar para avançar.”

“O que ando aqui a fazer?” Esta é a pergunta que José quer que as pessoas façam a elas próprias. “Só se pensa nisto quando ficamos doentes ou morre alguém. Hoje, as pessoas estão a ficar completamente soterradas”, lamenta, antes de construir uma ponte entre o quotidiano cinzento das grandes cidades e as possibilidades do amor, que “também assusta muito”.

“O que vou fazer com as cartas, não sei. Tenho de arranjar uma forma de as plantar. Não sei o que vou fazer com isto. Passado um ano gostava de ter vida”, desabafa. Entretanto, gostaria de ver o projecto contaminar outras paragens. “As pessoas seriam mais sãs. Já desafiei pessoas de outras cidades, mas não aceitaram. Porque isto tem de ser todos os dias: o amor é todos os dias. Acordas todos os dias, comes todos os dias... o amor é todos os dias. Pode estar alguém à espera e se a flor não chega...”

Sem férias

O Sinal de Alarme não falhou um único dia. E a ideia é que assim continue até 14 de Fevereiro de 2012, quando completar um ano. É o comprometimento sem mácula de que fala José e pelo qual abdicou de tudo que, ao longo deste ano, pudesse comprometer o projecto: férias e viagens, festas, funerais e aniversários, sono. “Houve um dia em que não pude mesmo, mas a flor foi lá posta por outro louco apaixonado pela poesia e o amor.”

“Tive medo de não conseguir fazer isto todos os dias. No início, era um impedimento: tinha de ir ao metro todos os dias e colocar lá a flor, estar sempre no mesmo local. Mas isto já se tornou tão rotineiro que tenho medo do que vai acontecer a 14 de Fevereiro, da desabituação. Já faz parte de mim.”

José é de Vila Nova de Famalicão. Na Páscoa, obrigou a família a descer até Lisboa, onde vive, para a refeição festiva. É assim tão sério. Mais tarde, a avó, de 88 anos, teve de viajar sozinha até à capital para matar saudades do neto, que há muito não ia à terra natal. “A minha família sabe da flor, mas não sabe que é por isso que não vou lá acima. Se souberem, internam-me. Digo que é por causa do trabalho, tenho vergonha de dizer que é pela flor. Se digo à minha avó, ela pensa que estou choné”, brinca.“Não fui de férias, não viajei, fiquei várias vezes sem hora de almoço, gastei dinheiro em táxis, em flores. Fui a velórios, mas não a funerais”, recorda. No aniversário da mãe, fez uma “visita de médico”, de surpresa. Vai e volta todas as sextas-feiras a Braga, por causa do doutoramento na Universidade do Minho. Nunca fica no norte.

Nas últimas legislativas, a 5 de Junho, fez parte de uma mesa de voto em V.N. Famalicão, como é seu hábito. Foi e voltou no mesmo dia: chegou às 5h a casa, foi para as mesas de voto às 7h, ficou até às 19h e uma hora depois estava em Campanhã, no Porto, a apanhar o comboio para Lisboa.

É um destes ralis de transportes públicos que José está a fazer neste Natal, que foi passar a casa, com a família. A consoada é um interlúdio no frenesi do amor, antes de novo regresso a Lisboa, para não falhar. Porque “é importante fazer uma coisa todos os dias, sem falhar. Como uma mãe que vai acordar o filho todos os dias, dar-lhe um beijo, carinho. O resultado, depois, é exponencial. Se todas as pessoas escrevessem todos os dias, por exemplo, seria óptimo para os Correios. Talvez não precisassem de ser privatizados.”

 

Via Público



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Domingo, 06.11.11
Pedido de casamento com flashmob no metro de Londres [vídeo]
A proposta romântica teve lugar no famoso ‘tube’ de Londres na terça-feira passada. O noivo organizou um flashmob para o ajudar a fazer o pedido de casamento.

Viajantes surpresos, assistaram ao coro londrino Adam Street Singers reunir-se a Bill Withers, para cantar a música «Lovely Day» à futura noiva.

O pedido também teve direito a uma coreografia de grupo.

 

A noiva, Lucy, aceitou o pedido prontamente, e ontem colocou o vídeo no Youtube. O vídeo já se tornou viral, atingindo números elevados de partilhas e visualizações.

 

 

Via SOL




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Sábado, 05.11.11
Proposta sugere corte total de 22 carreiras de autocarros
Proposta sugere corte total de 22 carreiras de autocarros (Arquivo)

Supressão das ligações marítimas de Lisboa à Trafaria/Porto Brandão e ao Seixal, redução do horário de funcionamento do Metropolitano de Lisboa, supressão de 22 carreiras de autocarros da Carris e de uma de eléctricos e redução do número de lugares nos comboios da CP nos períodos de menor procura. Estas são algumas das medidas previstas pelo grupo de trabalho nomeado pelo Governo para estudar a reformulação da rede de transportes da Área Metropolitana de Lisboa.

 

Este grupo de trabalho, nomeado em Setembro por despacho do Secretário de Estado dos Transportes, inclui repersentantes da Autoridade Metropolitana de Transportes, do Metropolitano de Lisboa, da Carris, da CP, da Transtejo e da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros. 

As propostas do grupo, que foi também chamado a propôr soluções para uma "simplificação tarifária", foram já dadas a conhecer às câmaras municipais da Área Metropolitana de Lisboa. E merecerem, como apurou o PÚBLICO, a "rejeição absoluta" dos vereadores da mobilidade, que estiveram reunidos esta manhã. 

O estudo agora apresentado às autarquias, e ao qual o PÚBLICO teve acesso, não contém qualquer estimativa de qual a redução de custos prevista com estas medidas. 

O resumo das alterações pode ser o seguinte:

Carreiras da Carris a suprimir totalmente

10: ISEL-Pç. Chile
21: Saldanha-Moscavide Centro
22: M. Pombal-Portela
25: Est. Oriente-Prior Velho
201: Cais do Sodré-Linda-a-Velha
202: Cais do Sodré-Linda-a-Velha
203: ISEL-Boa Hora
205: Cais do Sodré-Bairro Padre Cruz
206: Cais do Sodré-Sr. Roubado (Metro)
207: Cais do Sodré-Fetais
208: Cais do Sodré-Estação Oriente
210: Cais do Sodré-Prior Velho
49: ISEL-Est. Entrecampos
76: Algés-Cruz Quebrada-Fac. Motricidade Humana
79: Olivais (circ.)
753: Pr. José Fontana-Centro Sul
797: Sapadores-Arco do Cego
799: Colégio Militar (Metro)-Alfragide Norte
745: Terreiro do Paço-Prior Velho
764: Cidade Universitária-Damaia de Cima
777: Campo Grande (Metro)-Ameixoeira
790: Gomes Freire-Príncipe Real
------------------
18 (Eléctrico) R. Alfândega-Cemitério da Ajuda

Nota: Além destas 23 supressões totais, a proposta do grupo de trabalho inclui mexidas noutras 24 carreiras, seja encurtamento do percurso ou redução do período de funcionamento.
------------------
Cenários para Transtejo:
Cenário 1
Supressão das ligações Lisboa à Trafaria/Porto Brandão e Lisboa ao Seixal
Ligação ao Montijo só aos dias úteis e períodos de ponta

Cenário 2
Supressão da ligação Lisboa à Trafaria/Porto Brandão
Ligação ao Montijo e ao Seixal só aos dias úteis e períodos de ponta
------------------
Metropolitano
Diminuição da velocidade máxima de 60 para 45 km/h, fora dos períodos de ponta
Na Linha Verde, diminuição de quatro para três carruagens
Encerramento da rede às 23 horas; nos troços entre Pontinha e Amadora Este (Linha Azul) e Campo Grande e Odivelas (Linha Amarela), encerramento às 21h30.

 

Via Público



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Sexta-feira, 09.09.11

A notícia foi recebida com um coro de protestos e o vereador do PCP promete levar a questão à próxima reunião da Câmara de Lisboa

A notícia foi recebida com um coro de protestos e o vereador do PCP promete levar a questão à próxima reunião da Câmara de Lisboa (Rui Gaudêncio)

 

Aquela que é uma das mais emblemáticas estações de metro de Lisboa foi rebaptizada. Baixa-Chiado PT Bluestation é o seu novo nome, graças a uma acção de marketing da empresa que está a gerar controvérsia. O Fórum Cidadania Lisboa chama-lhe "prostituição do espaço público" e o Grupo de Amigos de Lisboa fala numa "saloiice de muito mau gosto".

 

O presidente do Metropolitano diz que esta mudança "é um marco na vida do metro, um marco de ruptura, de inovação, de criatividade". Cardoso dos Reis revelou, aliás, que quer alargar esta iniciativa a outras estações: "Esperamos contar com a visão de futuro, o espírito inovador e a ambição de outras marcas", disse o gestor. O Marquês de Pombal pode ser a paragem que se segue.

O Metropolitano recusou divulgar quanto vai arrecadar com esta operação e o presidente executivo da PT também não revelou quanto vai a empresa pagar para ter, durante quatro anos, o seu nome na estação. "É um investimento significativo", limitou-se a dizer Zeinal Bava.

Já o secretário de Estado dos Transportes declarou-se "muito contente com este projecto". Porque, explicou Sérgio Monteiro, "corresponde à vontade do Governo de que as empresas públicas de transportes encontrem formas inovadoras e criativas de gerar receitas", para serem "menos dependentes do Orçamento do Estado".

No caso da Baixa-Chiado, esta iniciativa inclui ainda a disponibilização aos utilizadores de estação de Internet grátis. Além disso, haverá acções diárias (como projecções de vídeo, distribuição de rebuçados ou massagens nas mãos), pelo menos durante um ano, e nas paredes serão projectadas notícias e "informações úteis". Questionado pelo PÚBLICO, o presidente executivo da PT garantiu que essas projecções não incluirão mensagens publicitárias, mas admitiu que a Baixa-Chiado receba "demonstrações de produtos" da marca.

A vereadora da Inovação da Câmara de Lisboa defendeu que "é importante a cidade apostar em projectos inovadores". Questionada pelo PÚBLICO sobre a alteração de nome, Graça Fonseca recusou-se a opinar, dizendo apenas que, "como qualquer situação de patrocínio, é normal que a marca queira estar presente".

Já o vereador do PCP ficou incrédulo com a mudança: "Como? Ai valha-me Deus! Isso é péssimo", reagiu. "Houve uma altura em que o metro convidava os melhores artistas portugueses para fazerem estações soberbas. Agora temos línguas estrangeiras e marcas", lamentou Rúben de Carvalho, que promete levar esta questão "tão marcante na vida da cidade" à próxima reunião da autarquia.

"É de ficar sem palavras", afirmou Paulo Ferrero, do Fórum Cidadania Lisboa, que considera estar-se perante um caso de "prostituição do espaço público". "Dentro em breve, em Lisboa, estaremos todos publicitados", afirmou por sua vez Appio Sottomayor. O olisipógrafo está também contra a utilização de uma palavra em inglês no nome da estação: "A língua portuguesa, pouco a pouco, está a ser enterrada. Faça-se então o funeral", concluiu.

"É uma saloiice desnecessária, de muito mau gosto", corroborou Salete Salvado, do Grupo de Amigos de Lisboa. A representante do colectivo, que integra a Comissão Municipal de Toponímia, lembrou ainda que, "até agora, o metro tem utilizado os nomes dos locais, respeitando a tradição toponímica da cidade". E lamentou que essa prática tenha sido interrompida. "Como querem receber dinheiro, estão a curvar-se", acusou.

"Acho mal. A toponímia não devia ter sido mudada", afirmou por sua vez a historiadora Irene Pimentel, que também faz parte da comissão, onde gostava de ver discutido este caso. Outro dos seus elementos, o musicólogo Rui Vieira Nery, acha que esta "não é uma matéria da competência da comissão". Mas, a título pessoal, reconhece que não tem "simpatia" por ver "o nome de uma empresa associado a um marco da cidade".

"Vejo esta solução de forma muito crítica. Preferia que deixassem os nomes como estão ou que os substituíssem, por exemplo, pelos de grandes figuras da cultura e da ciência", afirmou por sua vez José Jorge Letria, presidente da Sociedade Portuguesa de Autores.

Os presidentes das juntas de freguesia de São Nicolau, António Manuel, e dos Mártires, Joaquim Guerra de Sousa, não ficaram incomodados com a notícia de alteração do nome e manifestaram a expectativa de que o patrocínio da PT possa traduzir-se em melhorias no serviço prestado pelo Metropolitano de Lisboa.

 

Via Público



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