Usar as redes sociais para encontrar antigos amigos, vizinhos ou colegas já há muito que não é novidade. No entanto, utilizar o Facebook para encontrar filhos biológicos que foram dados para adoção levanta problemas bem mais complicados e, no mínimo, é preocupante.
Não há dúvidas que as redes sociais estão a transformar o conceito do segredo ou do sigilo. Nas redes, a exposição da vida privada está praticamente ao alcance de tudo e de todos, sobretudo para quem for imprudente.
O jornal The New York Times , por exemplo, relata o caso de uma mãe que consegue finalmente encontrar o filho biológico - que tinha dado para adoção dezasseis anos antes -, após alguns meses de pesquisa no Facebook. O mesmo jornal relembra que a Internet aumentou a velocidade com que se pode efetuar uma procura de um paradeiro ou simplesmente seguir o rasto de alguém. Por conseguinte, os adolescentes adotados (e mesmo algumas crianças em situação idêntica) são facilmente encontrados pelos pais biológicos nestas redes sociais e, pior, precisamente quando se encontram no momento mais vulnerável para o desenvolvimento da sua identidade. Por outro lado, há também registo de vários casos em que acontece o inverso: são os próprios adotados que tomam a iniciativa de procurar os pais biológicos através do Facebook, sem sequer informarem os pais adotivos.
A verdade pode ser um choque
O grande problema desta complexa situação surge quando os pais biológicos encontram os filhos que deram para a adoção antes mesmo destes saberem que foram entregues a outra família, o que pode causar grandes distúrbios, não só para as crianças ou adolescentes, mas também para os próprios pais adotivos. Há toda uma estrutura familiar que entra em derrocada.
Invasão não planeada
Também o jornal inglês The Guardian publica uma entrevista a Jonathan Pearce (responsável pela Adoption UK, entidade que apoia famílias adotivas no Reino Unido), onde afirma que cada vez mais tem de lidar com as consequências dessa "comunicação intrusiva e não planeada", alertando para o facto de ser cada vez mais difícil garantir a confidencialidade, quer de quem adota, quer de quem é adotado.
É importante não esquecer que, até há bem pouco tempo, o contacto correto dos pais com os filhos que foram dados para adoção devia ser feito unicamente através de um assistente social ou intermediário legal do processo de adoção. Agora, com as redes sociais - onde não parecem existir fronteiras para nada no que toca à informação privada -, torna-se muito mais difícil impedir situações que podem ter consequências devastadoras para todos os envolvidos. Pelo contrário, fica tudo bem mais facilitado, já que basta uma data de nascimento, o nome e a localidade para a pesquisa ter uma forte probabilidade de ser bem sucedida.
Perante uma situação tão delicada e que levantar tantas questões, deixo uma pergunta para abrir o debate: como é que se pode impedir ou proteger as crianças e os adolescentes adotivos na era das redes sociais, que parece ter vindo para ficar? Não basta proibir ou pensar que é fácil, pois isso é ignorar a verdadeira dimensão do problema. Daí que o melhor mesmo seja pensar no assunto com ponderação e tentar ajudar a produzir conclusões úteis e eficazes, afinal de contas está em causa um ecossistema tão delicado como as relações entre membros de famílias adotivas.
Via A Vida de saltos Altos
Nove meses depois de ter perdido as pernas com a explosão de uma mina, no Afeganistão, o fotógrafo português está de volta ao trabalho. Ontem, fez capa do "The New York Times".
A foto assinada por João Silva fez primeira página do jornal norte-americano New York Times |
João Silva, o fotojornalista português que perdeu as duas pernas no Afeganistão, está de volta ao trabalho e é responsável pela imagem que fez manchete do "The New York Times" de ontem.
"Vai-nos fazer muita falta, mas não duvido que vai voltar a trabalhar connosco", disse o editor-chefe do jornal norte-americano, poucas horas depois do português ter pisado a mina que lhe roubou, para sempre, as pernas, em outubro de 2010.
João Silva fez jus às palavras de Bill Keller e, nove meses depois, regressou às páginas do "The New York Times" com uma reportagem sobre o Centro Médico Militar Walter Reed, local onde esteve em tratamento desde a altura do trágico acidente e que irá fechar portas no final de agosto.
O fotojornalista português já consegue andar, com recurso a duas próteses e o apoio de uma muleta do lado direito, que passa para a mão esquerda quando decide fotografar. Com otimismo e boa-disposição, João Silva não escondeu a satisfação de voltar ao trabalho: "Há de chegar a altura em que vou conseguir correr, mas já consigo andar".
Via Expresso