Quarta-feira, 04.01.12
Livro sobre Salazar plagiado
A jornalista Felícia Cabrita vai avançar para os tribunais com uma acusação de plágio contra a autora francesa Diane Ducret. «O capítulo sobre Salazar do livro Mulheres de Ditadores é um mero resumo do meu, Os Amores de Salazar», afirma a jornalista do SOL, que se sente roubada na investigação exaustiva que fez à vida íntima do ditador.

«O meu trabalho é fruto de várias conversas com fontes em Portugal e no estrangeiro, horas na Torre do Tombo e muitos documentos originais, incluindo a agenda de Salazar e os diários de Felismina Oliveira», diz Felícia Cabrita, explicando que no livro da escritora e jornalista francesa «até as citações de outros livros são iguais às que estão em Os Amores de Salazar. É um plágio do princípio ao fim».

 

Razões suficientes para a advogada da jornalista, Fátima Esteves, estar «a analisar a forma de agir judicialmente» contra Diane Ducret. A jurista não descarta, aliás, a hipótese de estender as acções às edições francesa, espanhola e italiana do livro Mulheres de Ditadores e de pedir a apreensão de todos os exemplares.

 

A obra, que tem tido grande repercussão em França – onde já vai na quarta edição –, tem sido destacada por jornais como o L’Express e o Le Figaro. E, no site da agente de Diane Ducret, pode ver-se que a jornalista – formada pela Sorbonne e publicamente elogiada pelo filósofo Bernard-Henri Lévy – está a preparar um segundo volume para ser editado em 2012.

 

As semelhanças entre a escrita de Felícia Cabrita e a obra de Diane Ducret não passaram, porém, despercebidas a António Araújo – professor de Direito da Universidade de Lisboa – que, no blogue Malomil, publica de forma exaustiva todas as passagens em que ambos os livros se confundem.

 

No seu site, o constitucionalista não hesita sequer em afirmar que o capítulo sobre Oliveira Salazar é «do princípio ao fim, um mero resumo de Os Amores de Salazar», contendo «diversos trechos, paráfrases ou plágios do livro de Felícia Cabrita».

 

Francesa diz que Felícia foi ‘fonte de informação’


Contactada pelo SOL, Diane Ducret sublinha que o livro de Felícia Cabrita se encontra nas suas referências bibliográficas e em notas de rodapé. «Não escondo de maneira nenhuma que encontrei uma fonte de informação no livro muito bem conseguido de Felícia Cabrita» – explica a autora francesa, acrescentando que a obra da jornalista portuguesa «apresenta inúmeros documentos retirados dos arquivos pessoais de mulheres próximas de Salazar, uma dimensão que até aí tinha sido ignorada pelos historiadores».

 

É nessa linha de raciocínio que Ducret assume: «É difícil inventar outras fontes, que eu partilho, por isso, com ela» (Felícia Cabrita). A francesa demarca-se, contudo, de qualquer acusação de plágio, sustentando que o trabalho de Felícia «não apresenta uma contextualização histórica destas relações» e que é aí que as obras de ambas se distanciam: «Foi nesse ponto que centrei o meu trabalho».

 

As explicações não chegam para convencer Felícia Cabrita, que frisa o facto de as frases do seu livro usadas por Diane Ducret não se referirem apenas às passagens relacionadas com os diários de Felismina Oliveira. «Há uma cópia também quando se fala das outras mulheres de Salazar», comenta.

 

Contactada pelo SOL, a Casa das Letras – responsável pela edição portuguesa do livro de Ducret –, através do gabinete de comunicação do Grupo Leya, disse apenas que está «a analisar esta situação». Segundo a mesma fonte, a editora já informou a autora «através da sua agente», estando «a aguardar os seus comentários».

 

Não foi possível obter um comentário da editora de Os Amores de Salazar, A Esfera dos Livros.

 

Comparações


Felícia Cabrita (F.C.) – «Laura (…) não tivera filhos, e também os anos pareciam namorá-la, vincando-lhe a beleza» _(pag. 87)

Diane Ducret (D.D.) – «Maria Laura não teve filhos e os anos parecem fazer triunfar a beleza dos seus traços» (pag. 163)

F.C. – «Um dia (…), por provocação ou por desconhecimento do carácter da colega, diz a Felismina que no Porto se tinham feito várias prisões e que ele escapara por um triz. Mas não demorava muito para o ensaísta estar atrás das grades» (pag. 113)

D. D. – «Um dia, por provocação ou desconhecimento do carácter da sua colega, diz a Felismina que foram feitas várias prisões no Porto, que ele escapou por pouco, mas que não tardará a encontrar-se atrás das grades» (pag. 158).

F.C. – «Enfrentando o défice com mão de ferro, vai equilibrando o orçamento. Congelamento de salários, cortes na função pública, classes médias empobrecidas, proletários na miséria» (pag. 87)

D.D. – «Fazendo face ao défice com mão de ferro, vai gerir as finanças do país como gere os seus amores: congelamento dos salários, cortes na função pública, empobrecimento das classes médias e dos proletários são aceites» (pag. 163)

F.C. – «o agora poderoso ‘Troca-tintas’ adorava o seu cheiro a perfume caro» (pag. 87)

D.D. – «o agora muito poderoso ‘sedutor’ adora o seu perfume de luxo» (pag. 163)

F.C. – «Ele sai da sala e volta munido de martelo, um alicate, um prego e uma chave de parafusos» (pag. 88)

D.D. – «Ele saiu em seguida do salão e voltou munido de um martelo, de uma pinça, de um prego e de uma chave de fendas» (pag. 163)

F.C. – «Um dia soltou os cabelos, o sol atravessou a densa cabeleira que parecia um braseiro» (pag. 33)

D.D. – «(…) solta com um gesto de desafio a sua cabeleira, deixando o sol atravessá-la e animá-la como um braseiro» (pag. 145)

F.C. – «Timidez? Cálculo?» (pag. 42)

D.D. – «Será timidez? Cálculo?» (pag. 149)

F.C. – «nos grandes hotéis, como o Palace Avenida, é contratada para (…) abrir os bailes e chamar os clientes à pista» (pag. 104)

D. D. – «Nos grandes hotéis, como no Avenida Palace, foi contratada para abrir os bailes e levar os clientes para a pista» (pag. 167)

F.C. – «E ganhou a vida dançando nos Palaces e transatlânticos» (pag. 104)

D.D. – «ganha assim a vida, apresentando-se em palácios e transatlânticos» (pag. 167)

F. C. – «que se tornara milionário e levava uma vida de estalo» (pag. 89)

D.D. – «tornou-se milionário e leva uma vida de lorde» (pag. 164)

Comparações retiradas do blogue Malomil

 

Via Sol



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Sábado, 12.02.11

 

70% copia na universidade

 

Para ter vergonha é preciso ser apanhado? Se a resposta for sim, a explicação da dimensão da fraude académica nas universidades portuguesas pode estar na diferença entre os alunos que admitem copiar e os que são apanhados: 70% já copiaram num exame e apenas 2,4% foram apanhado. Os dados são de um novo estudo sobre integridade académica coordenado por Aurora Teixeira, da Faculdade de Economia da Universidade do Porto. Para a investigadora, que nos últimos anos tem contribuído para a literatura internacional sobre o tema, os resultados revelam um verdadeiro flagelo no meio académico.

A análise preliminar, avançada ao i, tem por base as repostas de 5403 estudantes de mais de 400 cursos e uma centena de escolas. Neste estudo Aurora Teixeira quis aprofundar os resultados de um inquérito realizado em 2005 junto de alunos de Gestão e Economia, centrado na cópia em exames. O novo inquérito realizou-se entre Maio e Julho de 2010 e questionou alunos de todas as áreas sobre comportamentos como o plágio, a compra de trabalhos ou assinaturas falsas em folhas de presença. 

Os resultados revelam que mais de metade dos alunos acredita que se copia deliberadamente e não porque a oportunidade surge ou por uma situação de pânico durante a prova. Pode concluir-se também que há uma continuidade neste tipo de comportamento: o estudo anterior, embora com alunos diferentes, revelava uma propensão para copiar de 62%. A percepção geral dos estudantes é que as práticas são reprováveis, mas não muito. Os alunos entendem ainda que haveria menos comportamentos desonestos se estudassem mais e organizassem melhor o tempo, mas também se os professores se interessassem mais pela sua aprendizagem. 

Para Aurora Teixeira, a experiência académica em Inglaterra e os estudos comparativos sobre este tipo de fraude permitem concluir que em Portugal existe uma lacuna na forma como as instituições lidam com o problema. "O comportamento desculpabilizante é transversal a toda a sociedade", defende. "Quando falamos com alguém que tem alguma responsabilidade nas escolas sentimos que a questão da ética é relegada para segundo plano." Apesar de Portugal não ter taxas de incidência tão elevadas como outros países europeus, por exemplo a Polónia (ver texto ao lado), Aurora Teixeira frisa que as amostras portuguesas têm sido sempre maiores nos estudos comparativos, o que poderá ter atenuado a dimensão do problema.

 

Via Ionline

 



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