A poucos dias do casamento real acontecer, a 29 de Abril, decretado feriado no Reino Unido, o PÚBLICO online acompanha os preparativos para a grande cerimónia e conta um pouco dos bastidores do romance real. O primeiro texto é de Raquel Ribeiro, que irá acompanhar a cerimónia na próxima sexta-feira em Londres.
O Reino Unido rejubila com o conto de fadas da plebeia que conquistou o príncipe William, segundo na linha de sucessão ao trono. Numa sociedade estratificada, Kate representa a anulação da classe social. No seu nome, está ainda uma geração de Kates britânicas de sucesso - Moss, Winslet ou Beckinsale.
A 29 de Abril de 2011, quando Kate Middleton subir ao altar da Abadia de Westminster para se casar com o príncipe William, segundo na sucessão ao trono britânico, muitas regras na monarquia no Reino Unido começam a quebrar-se.
Kate será a primeira rainha plebeia quando William for rei. Isto não é surpresa em monarquias modernas como as escandinavas, onde os sucessores ao trono se casaram nos últimos anos com parceiros plebeus, licenciados, trabalhadores e independentes, ou até mesmo em Espanha, uma monarquia mais tradicional e de ascendência católica. Mas o Reino Unido ainda não estava pronto para questionar a tradição.
Kate será também a primeira rainha a ter frequentado um curso universitário e a primeira a ter vivido com o príncipe herdeiro fora do protocolo real - viveram juntos com amigos num apartamento alugado quando eram estudantes na Universidade de St. Andrews, na Escócia.
O país rejubila e a popularidade da monarquia está em alta. Duas semanas após o anúncio do casamento, uma sondagem da YouGov revelava que 70 por cento dos britânicos querem ver a lei de sucessão alterada para que o primogénito possa ser considerado rei (ou rainha) independentemente do seu género. Muitos parlamentares têm feito pressão sobre o Governo para que a lei, com séculos de existência, mude em breve, numa tentativa de modernização da monarquia.
Kate e William, ambos com 28 anos, são, portanto, o casal moderno de que a monarquia britânica precisava para reconquistar os corações dos mais descrentes: conheceram-se na universidade há oito anos, seis dos quais foram namorados, com algumas intermitências e um rompimento muito badalado na imprensa, fizeram as pazes e casam-se dentro de meses. Um conto de fadas é isto?
Uma jovem como nós
O que é que Kate tem? Kate não será uma princesa de ascendência aristocrática (como Diana) nem filha de uma qualquer família real europeia que se casa com William por acordo ou correspondência. Mais: "Kate não é uma WAG [acrónimo de wives and girlfriends, mulheres e namoradas de jogadores de futebol], não é uma celebridade das revistas. É uma jovem com um curso superior, de uma família de classe média e que tinha um emprego. Isto representa uma mudança na monarquia e ela é uma excelente embaixadora dessa mudança", diz Katie O'Leary, 21 anos, de Birmingham, estudante universitária.
Kate Middleton estudou História de Arte na Universidade de St. Andrews e, depois de vários meses no "desemprego", trabalhou para a marca de roupa Jigsaw até se demitir para investir numa carreira como fotógrafa.
Como Middleton, O'Leary tem o nome certo.
Quando o noivado entre Kate e William foi anunciado, a BBC lembrava que numa sociedade estratificada e classista como a britânica, Kate (neste caso, de Catherine) representa precisamente a anulação da classe social. No seu nome, Kate, está toda uma geração de Kates britânicas de sucesso (Kate Moss, Kate Winslet, ou Kate Beckinsale, por exemplo). Kate como nós, portanto: "A minha mãe brincou com o nome e disse: 'Podias ter sido tu!'", conta O'Leary.
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