Quarta-feira, 16.02.11

Fui levantar dinheiro a um multibanco e dei de caras com a imagem de Zezé Camarinha e por cima o slogan: "Camone and learn english" (Venha e aprenda inglês). Aprender inglês contigo, meu bronco? Pensei.

A publicidade negativa não deixa de ser publicidade. Mas a publicidade contraproducente pior do que negativa é imbecil. E este é um caso sério de estupidez publicitária. Uma escola que supostamente se dedica ao ensino do inglês escolher este personagem para ser a cara oficial de uma campanha publicitária de grande alcance, parece-me tão inteligente como num anúncio a um novo automóvel a marca que o construiu garantir que com este modelo o mais certo é você morrer ao volante.

 

Qual é o pai ou mãe com cérebros a funcionar normalmente que ao depararem com um anúncio deste calibre, e que até estejam a pensar colocar os filhos numa escola deste género, vão querer que os seus pequenos se transformam em mini-camarinhas no que toca à prática da língua inglesa? Ou ao que quer que seja, já agora. Já viram o que seria a criança num jantar de família dizer à avó "hey darling, put the cream number five!" e frases como: "No english, no babes" ou "Camone pá beach baby".

 

Não havia mesmo ninguém decente? Tinha de ser esta figurinha? Até na publicidade temos de nos armar sempre em chico-espertos da Europa? Escolher o labrego da praia da Rocha? Confundir inovação e criação com ignorância e miserabilismo na transmissão de uma mensagem que mexe com a educação de crianças? Escolher um homem capaz de dizer coisas brilhantes do género: "A nossa juventude é uma desgraça! Só tenho pena de eu andar sozinho neste jogo do engate aqui no Algarve! A juventude hoje em dia só pensa em drogas e em futebol! Tenho pena de não deixar nenhum sucessor!" (SIC, 2003); "Quando era miúdo a minha mãe, que era cozinheira num restaurante aqui da praia de Portimão, dava-me óleo de fritar o peixe, depois bronzeava-me com ele e punha uma toalha aqui e outra lá ao fundo onde vê aquele chapéu de sol da Sprite... Tudo o que fosse camone e invadisse este espaço, marchava logo!" (TVI, 2000); "Você duvida da minha machidade? Eu sou mesmo macho e tudo o que digo, faço. Se duvida vamos ali para trás do cortinado e tira as dúvidas! Nem precisa esgalhar-me o pessegueiro, a alavanca sobe automaticamente!" (SIC - dirigindo-se a Paula Coelho, apresentadora da SIC Notícias, que o havia acusado de "muita parra e pouca uva"); "Quando morrer quero que o meu pénis seja embalsamado e cremado, e que as cinzas sejam espalhadas por estas praias do Algarve, desde Lagos a Faro, que é o meu território de caça. Deste modo as praias serão purificadas. Claro que haverá cinza suficiente!" (SIC, 2002); "Eu na outra reencarnação devo ter sido um penso "isofrenico", daquelas da Evax ou da Insóniapois adoro andar entre as pernas das mulheres!" (SIC Radical, 2002). Será preciso dizer mais alguma coisa?

 

Se eu tivesse filhos, não teria qualquer dúvida em relação à escola onde eles nunca, mas em altura alguma, iriam aprender inglês.

 

Via 100 Reféns



publicado por olhar para o mundo às 11:19 | link do post | comentar

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