Sexta-feira, 08.06.12

A relva vai sofrer com tanta gente. As expectativas de afluência serão largamente superadasA relva vai sofrer com tanta gente. As expectativas de afluência serão largamente superadas (Foto: Paulo Pimenta)
Previa-se aguaceiros, mas ao final da tarde, o Optimus Primavera Sound fazia jus ao nome, começando com sol, no parque da cidade do Porto, um excelente anfiteatro natural, que agora é descoberto por gente de todo o mundo.

Feriado, hora de almoço, na Baixa do Porto. Pensar-se-ia, um deserto. Mas não. Principalmente nas imediações do terminal da Rodoviária a azáfama era enorme. Via-se magotes de raparigas e rapazes, entre os 25 e os 35 anos, alguns parecendo americanos, outros da Escandinávia, vestidos com roupa descontraída, parecendo algo perdidos, carregando as respectivas malas na direcção dos táxis. 

Um grupo acerca-se, pede informações, procura um hotel na Boavista, perguntam se é perto do Parque da Cidade. Vinte minutos a pé, arriscámos. Ficam contentes com a informação, mas de repente, começa a chover, ligeiramente. Um deles, de calções e camisola de alça, ri-se. “Esperemos que isto seja passageiro.” As previsões davam aguaceiros, mas o resto da tarde trouxe um sol primaveril e pelas 17h, quando o recinto do festival abriu, a ameaça parecia dissipar-se. 

Essa era a principal incógnita que pairava sobre a cabeça de todos. Estava tudo pronto: o recinto, as bandas, a cidade, mas sobre a meteorologia não existe controlo possível. Havia até esse dado que as expectativas iniciais vão ser em muito superadas – inicialmente, os organizadores apontavam para 12 mil pessoas diárias, agora já se percebeu que serão entre 20 a 25 mil, com muita gente vinda de fora do país (cerca de 10 mil estrangeiros por dia, pelo menos). 

Durante a tarde, as esplanadas nas imediações da praia de Matosinhos estavam cheias. Essencialmente estrangeiros, franceses, italianos e até um pequeno grupo da Nova Zelândia. Dizem-nos que o Primavera é apenas um dos três ou quatro festivais da Europa que, durante um mês, irão percorrer. Estão há sete horas no Porto e dizem aquilo que é suposto dizer: apreciam o sol, a proximidade do mar, os edifícios arcaicos, o verde do Parque da cidade, ali, ao lado. 

No parque da cidade, na zona que separa Porto e Matosinhos, ao final da tarde, impera ainda a tranquilidade. As pessoas vão chegando, sem pressas. Entra-se no recinto e a primeira surpresa é a proximidade entre palcos, o que afasta a hipótese de correria entre zonas, como acontece no festival irmão de Barcelona. É um recinto sóbrio, económico, funcional, sem grandes aparatos. 

Uma espécie de anfiteatro natural, com características de relevo semelhantes ao do festival Paredes de Coura, mas no coração da cidade do Porto. Um grupo de espanhóis, vindos de Santiago de Compostela, não tem dúvidas: “Este espaço é fantástico! É sem dúvida melhor do que em Barcelona!”

Apesar de ser de grandes dimensões, é delimitado. É evidente que aquela zona, nomeadamente a relva, sofrerá com a presença massiva de pessoas, mas trata-se apenas de uma parcela. No domingo, quando o festival abandonar o parque – para se realizar na Casa da Música e no Hard Club – e se tudo decorrer dentro da normalidade, tudo indica que o parque retomará a sua existência normal. 

No recinto, o primeiro caso de sucesso são os toalhetes, oferecidos pelo principal patrocinador, que quase toda a gente coloca no chão para, diligentemente, se sentar. Há quem não tenha almoçado e aproveite para improvisar um pequeno piquenique, mas essas são excepções. Ali, o principal alimento, é a música. E essa começou com imensa gente em palco, entre músicos, um coro e um maestro, através dos Stopestra, uma orquestra portuguesa, que coloca muita energia na função, através de uma música emotiva. 

Apenas dois dos quatro palcos vão entrar em acção nesta quinta-feira. É o primeiro dia. Uma espécie de aquecimento. Mas depois da Stopestra e dos espanhóis Bigott, o ambiente promete entrar em ebulição com os ingleses Suede, o francês Yann Tiersen ou os americanos The Rapture, Mercury Rev e The Drums. Na sexta-feira haverá Wilco, Rufus Wainwright, Flaming Lips, The Walkmen ou Beach House.

 

Noticia do Público



publicado por olhar para o mundo às 08:16 | link do post | comentar

Quarta-feira, 05.10.11
O festival espanhol é um dos mais procurados na europa 
É a primeira vez que o festival espanhol se vai realizar noutro país. A Ritmos precisou de ano e meio para levar o Primavera ao Porto 
As datas já estão definidas e são quatro dias para assinalar na agenda do próximo ano, com sublinhados e pontos de exclamação. De 7 a 10 de Junho de 2012, o Parque da Cidade, no Porto, recebe o Primavera Sound, naquela que é a primeira internacionalização do evento.Ainda não é possível saber por que nomes aguardar até lá, mas José Barreiro, da Ritmos, adianta ao PÚBLICO que serão "entre 60 a 80 artistas".
Barcelona é a cidade natal deste festival de música independente que se realiza, anualmente, desde 2001, nos últimos dias de Maio ou nos primeiros de Junho. A eventual parceria com a produtora do Porto tem sido alvo de especulações nos últimos meses, mas só desde há duas semanas é certo um Primavera português, que acontece dias depois do espanhol (30 de Maio a 3 de Junho).
Por ser, além de um festival, uma "marca muito forte na música", a organização do Primavera Sound recebe ofertas de toda a Europa para que este se concretize noutras cidades. O sucesso da Ritmos - produtora responsável pela organização do Festival de Paredes de Coura - é, assim, um "orgulho muito grande", diz José Barreiros.Ao todo, foram necessários cerca de 18 meses de trabalho para que o Porto fosse escolhido, num processo em que a Ritmos precisou de "conciliar muitas partes", entre as quais a Câmara Municipal do Porto. A autarquia garante o uso do Parque da Cidade e "uma verba para apoio logístico", através da Porto Lazer. "Queremos que a câmara veja, no Primavera Sound, um evento que também vai contribuir para a melhoria do Parque da Cidade. Isso para nós é fundamental", reitera o membro da organização.
Mil bilhetes já à venda 

"O Primavera Sound decorrerá em quatro palcos e, no dia de apresentação, 7 de Junho, o conceito do festival é levado à cidade", garante José Barreiro. "Queremos que se estenda a algumas salas e praças da cidade, bem como a alguns locais não convencionais."A partir desta segunda-feira vão estar à venda os primeiros mil bilhetes, a um preço de 65 euros, "para premiar aqueles que conhecem a marca Primavera Sound e são fiéis ao nome", explica Barreiro. Mais tarde, a partir de Novembro, o preço sobe para 75 euros e, até Junho de 2012, o valor vai crescendo."
Os parceiros do Primavera Sound viram em nós, para além da honestidade, um gosto musical semelhante. Agora é preciso pôr todo o nosso 'know-how' ao serviço do festival", remata José Barreiro.


publicado por olhar para o mundo às 17:23 | link do post | comentar

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