Quarta-feira, 29.02.12

A insegurança e casos de violência em contexto escolar motivaram os responsáveis de uma empresa do Porto a criar um curso de segurança pessoal para professores que hoje se realizou com a participação de quase duas dezenas de docentes.


A maioria dos participantes são professores em escolas do ensino básico e secundário e alguns já passaram por situações “desagradáveis” na sala de aula.

Professora há 14 anos, de inglês/alemão, Isabel Almeida contou à Lusa que os problemas começaram logo no início da carreira.

“Eu era novinha e baixinha, eles eram adolescente, revoltados e estavam na escola contrariados. Foi muito difícil”, admitiu, referindo que “as asneiras e os insultos” eram e são as situações mais frequentes com que depara na sala de aulas.

Nunca foi agredida fisicamente, mas esteve “muito perto”. Em declarações à Lusa, Isabel Almeida relatou um caso já ocorrido este ano lectivo e que está a ser alvo de um processo disciplinar.

“Senti que [o aluno] estava prestes a pegar numa cadeira para me atirar. A minha tendência foi afastar-me, mas eu não podia fugir da sala de aula, tinha mais 20 alunos ali. Sabia que tinha de fazer qualquer coisa para tentar acalmá-lo, mas fiquei indecisa, sem saber o que fazer”, admitiu.

Assim, quando teve conhecimento de um curso de defesa pessoal para professores, não hesitou. Como ela chegaram à SMD (Sistema Marcial de Defesa) outros colegas, uns já com histórias idênticas para contar, outros apenas para saber como agir perante uma eventual situação de violência, seja na escola ou no dia a dia.

A postura corporal, de autoconfiança e de autoridade, frases curtas e sem margem para discussões. São conceitos que os formadores (todos elementos de unidades especiais de forças policiais) não se cansam de repetir, ao longo da formação.

Da teoria passou-se à prática e os professores foram chamados a recriar situações de confronto, uns no papel de alunos indisciplinados, os outros na sua função habitual.

Os formadores Ricardo Lisboa, fundador do SMD, Nuno Horta e Hélder Pinto, vão ensinando os “truques simples, mas eficazes” que os docentes podem usar quando confrontados com situações “menos agradáveis”.

Os três responsáveis ministraram já acções idênticas para profissionais de saúde e programam para breve uma outra para jornalistas.

O SMD resulta da pesquisa de várias artes marciais e métodos de defesa pessoal, como o Jiu Jitsu Brasileiro, Muay Thai, Boxe ou defesa pessoal policial e militar.

Na empresa são ministrados treinos para o cidadão comum, vítimas de violência, doméstica ou em contexto escolar, de ‘carjacking’, ‘homejacking’, e todas as situações de violência às quais a pessoa está exposta.

Professora, mas no ensino superior, Cristina Cunha, de 28 anos, nunca se confrontou com nenhuma situação de violência, mas quer conhecer “os procedimentos” correctos. Viu a informação sobre o curso no site e decidiu participar para “saber como reagir perante determinados ‘ataques’. É uma mais-valia”.


publicado por olhar para o mundo às 17:35 | link do post | comentar

Sábado, 03.09.11
Quatro professores 'à rasca' convocam protesto
Um grupo de professores desempregados lançou na Internet o apelo a um protesto na rua contra o número de docentes que ficou sem colocação, afirmando estar a lutar quer pela sua vida quer pela qualidade do ensino.

«É um protesto espontâneo, não há aqui partidos, não há aqui sindicatos. Apelamos a toda a gente que queira vir, que tragam aquilo que quiserem, cartazes, amigos», disse um dos quatro organizadores, Miguel Reis.

 

Apesar de ser sindicalizado e membro do Bloco de Esquerda, Miguel Reis reitera que o protesto não tem por trás nenhum partido ou organização mas também não lhes é hostil.

 

«Sou sindicalizado, mas a verdade é que nas últimas concentrações de professores contratados e desempregados convocadas pelos sindicatos junto ao Ministério da Educação esteve sempre muito pouca gente, 40, 50 pessoas», notou.

 

Por isso, decidiram-se por «uma coisa mais informal, mais espontânea», convocando o protesto para dia 10 de Setembro, no Rossio, em Lisboa, através da rede social Facebook.

 

Mas Miguel Reis garante que também apoiam a manifestação já apontada pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof) para 16 de Setembro.

 

Há um mês que a convocatória do Protesto dos professores desempregados foi publicada porque os quatro organizadores «já previam» os resultados do concurso de colocação de professores. Para já, cerca de 600 pessoas se comprometeram a participar no protesto.

 

Recordando o protesto da Geração à Rasca, também convocado por quatro pessoas na rede social, que juntou centenas de milhares de pessoas em Lisboa e em outras cidades, esperam que as pessoas «se identifiquem mais» com esta forma de acção.

 

Professor de Filosofia, Miguel Reis afirmou que nos dois anos de profissão que tem andou sempre de escola em escola. Este ano, não conseguiu colocação.

 

Como ele, cerca de 37 mil professores não conseguiram colocação no concurso para professores contratados.

 

«Nunca ficaram tantos professores de fora. É uma irresponsabilidade, porque estamos a desperdiçar profissionais qualificados que são necessários e fazem falta às escolas para combater o insucesso. É a nossa vida e a qualidade do ensino que estão em causa», salientou.

 

Belandina Vaz, outra organizadora, é professora de História desde 1999 e este ano também não conseguiu colocação.

 

«Estive sempre com contrato a termo certo, nunca sabendo em Setembro se fiquei colocada ou em que local do país. Já estive no Algarve, no Alentejo, no distrito de Setúbal e também perto de casa, mas com horários incompletíssimos», referiu.

 

Este ano, como ficou desempregada, resta-lhe «esperar pelos resultados da Bolsa de Recrutamento», em que há lugares disponibilizados semanalmente conforme as necessidades das escolas.

 

Assim não é maneira de trabalhar, indica Belandina, salientando que «traz instabilidade ao corpo docente e aos alunos, que também são prejudicados porque são capazes de estar um mês sem professor».

 

As dezenas de milhares de professores desempregados têm que arranjar outros empregos: «Todos os anos vamos ao centro de emprego inscrever-nos, porque pelo menos agora temos direito ao subsídio de desemprego», referiu Belandina.

 

Agora, afirma que é preciso que «as pessoas voltem à rua, protestem, façam ouvir a sua voz», argumentando que «em 2008 e 2009 houve grandes manifestações e acabou por não acontecer nada...a classe anda um bocado desacreditada».

 

Via Sol



publicado por olhar para o mundo às 08:52 | link do post | comentar

Domingo, 28.08.11

Professoras grávidas impedidas de progredir na carreira por não serem avaliadas

 

Muitas escolas negam avaliação de desempenho mesmo às docentes que a solicitam. Resultado: não avançam na carreira. Sindicato dos professores pede alterações a lei "discriminatória".

 

Há agrupamentos de escolas que se têm recusado a avaliar o desempenho de professoras e educadoras de infância que foram forçadas a interromper as aulas por estarem perante uma situação de gravidez de risco ou em gozo de licença de maternidade e que, deste modo, se vêem impedidas de progredir na carreira. O argumento é o de que as professoras não cumpriram o tempo mínimo de serviço com a entidade avaliadora (escola), que é de seis meses.

A denúncia partiu do Sindicato dos Professores do Norte (SPN), que garante ter vindo a deparar-se com "inúmeras situações de discriminação de professoras que, por razões de gravidez de risco e/ou gozo de licença de maternidade, estão a ser penalizadas, nomeadamente na sua posição na lista graduada para concurso, na progressão na carreira e na colocação em concursos de oferta de escola". 

Teresa Fernandes é uma das professoras que não viram o seu desempenho avaliado, apesar de o ter solicitado junto dos directores dos agrupamentos de escolas de Canelas e de Arouca, onde esteve colocada no ano lectivo de 2008/2009. "Entreguei relatórios de auto-avaliação, os objectivos mínimos nas datas estipuladas, mas nenhuma das escolas me avaliou", diz esta professora do ensino básico. "Sinto uma enorme revolta por não ter sido avaliada, apesar de ter cumprido mais de 11 meses de serviço naquele ano. Só que foram repartidos por duas escolas, não fazendo os seis meses obrigatórios em nenhuma delas", explicou ao PÚBLICO Teresa Fernandes. 

Dupla penalização

Esta professora, de 32 anos, falhou uma segunda avaliação, desta vez por causa de uma gravidez de risco. No ano lectivo de 2009/2010, Teresa Fernandes foi colocada nos Açores e, devido à sua gravidez de risco, só trabalhou até inícios de Janeiro de 2010. Depois teve de parar e a avaliação do seu desempenho ficou por fazer. "Fui prejudicada por causa de uma gravidez de risco e licença de maternidade e agora não posso avançar um valor na graduação", afirma, inconformada.

A professora revelou ainda que tentou reverter esta situação, propondo no início do ano lectivo 2010/2011 ao director do agrupamento de escolas de Arouca, onde foi colocada, que a nota de avaliação do desempenho que viesse a obter fosse extensiva ao ano anterior, mas a sua pretensão saiu gorada. "Ainda insisti, mas de nada valeu", adiantou, dizendo que se lhe tivesse sido concedida essa avaliação podia avançar um valor na graduação, tendo em conta que a sua classificação no último não lectivo foi de "muito bom".

Graça Pereira, professora de Educação Física e Desporto numa escola de Espinho, engrossa o grupo de docentes que não conseguiram subir de escalão porque não foi avaliada o ano passado pela escola onde fora colocada. A história desta professora, de 42 anos, cruza-se também com uma gravidez de risco que a impossibilitou de participar em duas aulas assistidas no primeiro período do ano lectivo 2010/2011, um requisito que é exigido no processo avaliativo. 

Um mês após o início das aulas, Graça Pereira sofreu um acidente de trabalho quando estava a dar uma aula e ficou de baixa médica, e foi na sequência desse acidente que descobriu que estava grávida. Tendo em conta o historial de abortos que sofrera antes, foi-lhe decretada gravidez de alto risco. Para progredir ao terceiro escalão da carreira docente, esta professora do ensino secundário tinha de apresentar um relatório intermédio de avaliação até ao dia 30 de Novembro de 2010, mas o seu estado não lhe permitiu participar nas duas aulas observadas que precisava de fazer. Perante o silêncio da escola, a professora tentou perceber o que se passava, tendo sido informada que não reunia todos os requisitos para poder ser avaliada. 

Mudar a lei

"Acho isto muito injusto, porque a minha situação não me permitia fazer as duas aulas", declarou ontem ao PÚBLICO, sustentando que ainda fez uma exposição do seu caso na tentativa de ascender ao terceiro escalão da carreira, mas sem qualquer sucesso.Estes e outros casos constam de um documento que o Sindicato dos Professores do Norte enviou ao Presidente da República, primeiro-ministro, ministro da Educação e Ciência, entre outras entidades, e no qual o SPN critica o "comportamento discriminatório" dos directores de escolas e agrupamentos. O sindicato apela, por isso, a que "sejam introduzidas alterações e adequações legais necessárias ao pleno exercício do direito ao trabalho e progressão na carreira em igualdade" e que "seja reforçada a fiscalização de actos praticados à margem da lei que possam inibir o exercício daqueles direitos". Um novo modelo de avaliação está neste momento a ser negociado entre os sindicatos e o Ministério da Educação e Ciência, que já fez saber que o quer ver aprovado ainda antes do início do próximo ano lectivo. 

José Manuel Costa, do SPN, explicou ao PÚBLICO que a legislação em vigor que regula a carreira e a avaliação de desempenho (Estatuto da Carreira Docente) "é insuficiente", porque não contempla excepções. "A legislação devia salvaguardar que não houvesse nenhum prejuízo para quem não fosse avaliado devido a uma situação de maternidade de risco", diz. Isto porque, frisa, "a legislação prevê que a avaliação seja considerada para efeitos de graduação em concursos".

Também o Bloco de Esquerda entregou esta semana no Parlamento uma pergunta dirigida ao Ministério da Economia e do Emprego onde relata estas situações.

 

Via Público



publicado por olhar para o mundo às 10:51 | link do post | comentar | ver comentários (1)

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