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Uma bastonada na cabeça valeu-lhe dez pontos e uns óculos partidos. Ricardo Castelo Branco apresentou queixa contra os agentes agressores e os oficiais que ordenaram a carga policial no dia da greve geral.
Um dos participantes na manifestação de 22 de março, em Lisboa, apresentou queixa no sábado contra a PSP, divulgou hoje o site "Tugaleaks".
"Fiz queixa contra os agentes que me agrediram e contra os oficiais que ordenaram a carga", explica ao Expresso Ricardo Castelo Branco, 45 anos, um arquivista no desemprego que garante não ter qualquer ligação a partidos políticos ou a plataformas de protesto.
"E também não tenho cadastro e nunca tive problemas com a polícia", diz Ricardo. "Por acaso, foi essa a primeira pergunta que me fizeram quando fui apresentar queixa."
Duas testemunhas oculares
O queixoso, que trabalhou até 2 de fevereiro num callcenter da PT, garante que não fez nada que jusitificasse a ação da polícia. "Limitei-me a segurar um cartaz, mais nada. Fui encurralado na esplanada da Benard, bateram-me na cabeça e partiram-me os óculos. Levei dez pontos. Quando quis voltar à manisfestação fui impedido, mas não fui detido, nem podia ser, porque não fiz nada de mal".
Ricardo Castelo Branco apresentou queixa por agressões e juntou duas testemunhas oculares ao processo.
Na sequência da carga policial de 22 de março, em que foram agredidos dois fotojornalistas e dois manifestantes, a Inspeção-Geral da Administração Interna considerou que a ação policial foi adequada. Ainda assim, o agente que agrediu a fotojornalista com um bastão virado ao contrário vai ser alvo de um processo disciplinar. A inspetora Margarida Blasco ordenou uma investigação mais profunda à atuação dos outros agentes que pariciparam na carga.
Via Expresso
A atuação das forças de segurança na manifestação de quinta-feira está a gerar polémica após a divulgação de um vídeo na Internet, filmado junto à Assembleia da República. PSP já anunciou a abertura de um inquérito interno de averiguações ao caso.
Um responsável da Plataforma 15 de Outubro, que integra o movimento dos indignados, defendeu hoje que o Procurador-geral da República (PGR) devia abrir um inquérito na sequência do vídeo relativo às agressões "desproporcionadas" da PSP a um jovem alemão.
Em declarações à agência Lusa, Renato Guedes, da Plataforma 15 de Outubro, considera que as imagens, que percorrem a Internet e as redes sociais, são elucidativas da "atuação vergonhosa" de vários agentes policiais contra um jovem alemão de 21 anos, no seguimento da manifestação realizada junto do Parlamento no dia da greve geral.
O membro da Plataforma 15 de Outubro defende ainda que o inquérito da Procuradoria-Geral da República (PGR), enquanto garante da legalidade democrática, devia estender-se à atuação da PSP logo no início do dia da greve, ao impor aos piquetes de greve o que "podiam ou não podiam fazer".
"Há uma subversão do Estado de Direito democrático", argumentou Renato Guedes, lembrando que também na anterior manifestação do Rossio houve erros na atuação policial, que terminaram com a absolvição de dois jovens detidos na ocasião por alegados insultos à autoridade.
Quanto às informações policiais, veiculadas pela imprensa, de que o jovem alemão está referenciado pela polícia dos dois países e que é uma pessoa perigosa, o membro da Plataforma 15 de Outubro respondeu que "até agora o que existe são boatos" que servem de "cortina de fumo" para tapar a atuação "vergonhosa" da polícia, de que as imagens em vídeo não permitem desmentir.
Renato Guedes diz desconhecer que factos concretos são imputados ao jovem alemão, cujo julgamento por alegada agressão à autoridade, resistência e desobediência foi adiado para 6 de dezembro, uma data bem distante dos acontecimentos.
Além do cidadão alemão, na quarta-feira foram também detidas mais seis pessoas, uma das quais uma francesa de 16 anos.
Aquele membro da Plataforma 15 de Outubro referiu que a "polícia tem o monopólio da violência" e que a sua utilização tem sempre que ser "justificada", o que no caso do jovem alemão não aconteceu, pois foi "desproporcionada", independentemente da campanha mediática em contrário desenvolvida pela PSP.
Entretanto, a PSP já anunciou a abertura de um inquérito interno de averiguações sobre o caso.
A Plataforma 15 de Outubro, formada na sequência do protesto realizado nessa data nas escadarias da AR, reúne-se domingo à tarde, estando em discussão a análise deste e de outros acontecimentos e a realização de ações futuras.
A Lusa tentou obter um comentário da PSP, mas até ao momento tal não foi possível.