Américo Amorim continua líder dos 25 mais ricos de Portugal e Alexandre Soares dos Santos substitui Belmiro de Azevedo no 2.º lugar. Maiores fortunas já ascendem aos €17,4 mil milhões.
Os ricos estão mais ricos. As 25 maiores fortunas em Portugal somam 17,4 mil milhões de euros, o que corresponde a uma subida de 17,8% face a 2010 e a 10,1% do PIB português, segundo o estudo anual da Exame.
"O valor é influenciado pela valorização das participações de Américo Amorim e pela subida em bolsa da Jerónimo Martins", explica a revista.
Américo Amorim mantém-se no primeiro lugar da lista, com uma fortuna avaliada em 2,6 mil milhões de euros. O património do empresário inclui participações acionistas na Galp Energia, na Corticeira Amorim, na Amorim Investimentos e Participações, na Nova Cimangola, no Banco BIC Portugal, no Banco Carregosa, no Banco Popular e no Banco BIC Angola.
Já Belmiro de Azevedo, o patrão da Sonae, cede a vice-liderança a Alexandre Soares dos Santos, presidente da Jerónimo Martins, com patrimónios de 1,3 mil milhões de euros e 1,9 mil milhões, respetivamente.
No top dos 10 mais ricos há duas entradas. A família Alves Ribeiro, com investimento no Banco Invest e na Alves Ribeiro Construções, entre outros, ascendeu ao quinto lugar, com uma fortuna de 779,7 milhões de euros em 2011.
António da Silva Rodrigues, do grupo Simoldes, entrou para o décimo lugar da lista, depois da sua fortuna subir 5,9% para 551 milhões de euros.
Já Joe Berardo e as herdeiras de Horácio Roque saíram do top 10.
TOP 10:
1. Américo Amorim: 2587,2 milhões de euros
2. Alexandre Soares dos Santos: 1917,4 milhões de euros
3. Belmiro de Azevedo: 1297,6 milhões de euros
4. Família Guimarães de Mello, 1006,6 milhões de euros
5. Família Alves Ribeiro: 779,7 milhões de euros
6. Perpétua Bordalo da Silva e Luís Silva: 679,7 milhões de euros
7. Rita Celeste Violas e Sá, Manuel Violas: 650,6 milhões de euros
8. Maria do Carmo Moniz Galvão Espírito Santo: 645,8 milhões de euros
9. Família Cunha José de Mello: 638 milhões de euros
10. António da Silva Rodrigues: 551 milhões de euros
Via Expresso
Tal como na gestão de uma casa ou de um orçamento familiar, (a criação e) a acumulação de riqueza só é possível quanto os gastos não superam as receitas; e sabe a inglória se a mesma tiver que ser sistematicamente reorientada para a amortização de dívida e serviço de dívida, quando seja esforçadamente conseguida. Portugal não se encontra em nenhuma destas situações, mas é pelas piores razões: porque não cresce nem acumula, e porque o que quer que consiga (conseguisse) esforçadamente acumular está comprometido para o pagamento de juros e dívida. É desencorajante. Em bom português, para além de estar de sobremaneira endividado, Portugal não está capaz de criar riqueza que garanta o pagamento dos seus compromissos, nem sequer de garantir a mesma qualidade de vida à sua população, quanto mais a sua melhoria.
Sabemos, contudo, que não há crescimento sustentado sem finanças públicas saudáveis (não necessariamente défice zero), e este é um (ou melhor, o) pressuposto em que assentam os programas de estabilização financeira que têm vindo a ser praticados, também em Portugal.
Qual é então o plano de recuperação económica?
Como objetivo transversal desse plano, temos a continuação do cumprimento dos compromissos financeiros internacionais, desta feita com o apoio financeiro do FMI e EU (ajustamento financeiro e re-credibilização internacional como prioridade máxima, de forma a garantir o regresso do país ao financiamento em condições normais de mercado). Em simultâneo, programaticamente, o Governo propõe-se garantir que os gastos públicos não excedem as receitas públicas (corte de gastos e aumento de receitas), aumentar os níveis de produtividade nacional e, por essa via, garantir a competitividade na nossa oferta no exterior e o crescimento da economia.
Assim, por aí virá, por exemplo e por memória, a criação de um imposto extraordinário, a subida e reestruturação do IVA, alteração dos escalões no IRS e redução de deduções, agravamento de preços de bens não transacionáveis internacionalmente, flexibilização da lei laboral e das regras de proteção social, promoção e garantia de concorrência, redução do peso do Estado e qualificação dos portugueses (da força de trabalho), entre tantos outros. Em última instância, assim se relança uma economia com medidas de austeridade. Em tempos que se sobreporão, teremos: pagamento da dívida, redução dos défices, reforma estrutural, e por fim, crescimento. Será a austeridade interna a garantir a nossa competitividade no mercado internacional, e esta, a médio prazo, a conduzir ao crescimento.
Em termos práticos (o que será o mesmo que dizer, cinicamente), se a política for desequilibradamente doseada, as empresas portuguesas que se provem competitivas, não terão que se preocupar particularmente com o rendimento disponível das famílias portuguesas, ou com a dimensão do mercado português ou com a evolução da procura interna. Porque não é desse o modelo que se trata. Trata-se sim, de um modelo extrovertido, de enfoque e substituição de exportações, compatível, no curto e médio prazo, com níveis de desemprego elevados e rendimento disponível reduzido. Neste modelo, os portugueses não são o mercado. É-o antes o exterior, recetor de bens transacionáveis internacionalmente, e nele assentará um futuro crescimento da economia. Por outro lado, se a política for equilibradamente doseada, com repartição igual de sacrifícios pelos diferentes agentes económicos (famílias, empresas, Estado), não é garantido que se cumpram os desígnios deste modelo económico para Portugal, nos tempos que nos são exigidos.
Nestes termos, não é de estranhar que o programa de Governo tenha já sido simultaneamente designado, como "choque liberal para o crescimento" e "assalto social aos portugueses". Ainda assim, e apesar dos tempos helénicos que correm, a Europa ainda não parou para equacionar alternativas. Tarda.
Via Expresso