Segunda-feira, 19.03.12

Rui Cruz, informático, criou o TugaLeaks, onde divulgava acções de grupos como os Anonymous Portugal

Rui Cruz, informático, criou o TugaLeaks, onde divulgava acções de grupos como os Anonymous Portugal (PÚBLICO)

 

Rui Cruz, responsável pelo site TugaLeaks, que divulgou várias actividades da onda de ataques informáticos registada em Portugal no final do ano passado, foi constituído arguido.

 

Segundo narra o próprio num texto publicado no seu site pessoal, Rui Cruz foi questionado, em casa, por quatro inspectores da Polícia Judiciária, no dia 8 de Março. "Logo às primeiras horas da manhã, fui acordado por quatro simpáticos e anónimos inspetores da PJ – só um se dignou identificar-se (...) Fui questionado sem nunca conhecer os motivos que se escondiam por detrás de tão agradável e matutina visita", escreve.

Num texto em tom irónico, Cruz afirma que todas as suas actividades online são lícitas. "Passadas quase duas semanas, e enquanto aguardo as cenas dos próximos capítulos, vou relendo o conteúdo dos meus projetos sem nunca encontrar o 'crime' de que sou acusado e me foi meio-contado".

Rui Cruz, informático, criou o TugaLeaks em Dezembro de 2010, como uma réplica do WikiLeaks, que apelava então a que os seus conteúdos fossem replicados pela Internet. O TugaLeaks acabou por tornar-se um site de divulgação de vários movimentos e grupos de protesto, tanto dentro como fora da Internet.

Em declarações ao PÚBLICO em Dezembro, a propósito dos ataques informáticos em Portugal, Cruz afirmou que "o Tugaleaks nasceu porque era – e é – o único canal de media alternativo a publicar notícias sobre movimentos activistas e hacktivistas". Na altura, afirmou que "o Tugaleaks não está nem a favor nem contra os alegados ataques", acrescentando, porém, que "os grupos de hacktivistas estão a impulsionar o acordar do povo com ataques a alvos cada vez mais notórios."

A série de ataques informáticos no final do ano passado deixou temporariamente inacessíveis sites de partidos políticos e do Parlamento. Outros sites foram modificados e passaram a exibir mensagens de protesto.

Os ataques mais graves culminaram na divulgação de dois ficheiros com dados de agentes da polícia. Um dos ficheiros, retirado de computadores governamentais, divulgou o posto, email, nome e número de telefone de 107 agentes da PSP. O outro, retirado dos computadores de um sindicato, continha informação (em muitos casos, incluindo a morada) de 67 polícias. A acção foi apresentada como uma represália pelos incidentes entre manifestantes e polícia, em S. Bento, na greve geral de 24 de Novembro.

O TugaLeaks publicara a 14 de Novembro uma entrevista anónima aos elementos do grupo LulzSec Portugal, que veio a revindicar a responsabilidade por vários ataques, entre os quais a divulgação dos dados dos agentes da polícia. 

 

Via Público


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publicado por olhar para o mundo às 08:50 | link do post | comentar

Rui Cruz

 

No passado dia 8 de Março, logo às primeiras horas da manhã, fui acordado por quatro simpáticos e anónimos inspetores da PJ – só um se dignou identificar-se.


No dia Internacional da Mulher, e dado o meu estado de solteiro, teria sido mais simpático enviarem inspetores de sexo feminino mas só veio uma.

 

Enquanto me “arrumavam” a casa – tudo no estilo “Feng-Shui” – fui questionado sem nunca conhecer os motivos que se escondiam por detrás de tão agradável e matutina visita (nota: para a próxima, sff, tragam-me o café e os jornais da manhã, obrigado).

 

Não fosse o incómodo e a humilhação, a cena até podia ter sido retirada do guião de uma telenovela do Moita Flores. Mas não.Afinal, o meu perfil acho que nem corresponde sequer ao das personagens habitualmente imaginadas pelo ex inspetor da Policia Judiciária: solteiro, ativista sem partido político, sem enredos amorosos, etc.

 

Ah., é verdade, sou membro do extenso, horrível e causador de tantos destúrbios à vida pacata dos cidadãos e ainda volta e meia extremista clube dos tais 99%. Não sei se isso ajuda a meu favor ou se quem lê isto percebe ironias, mas está dito.

 

E assim passei quatro horas. Embora em Angola na idade média um arguido fosse “um simples objeto do processo e nada mais, podendo ser alvo de humilhação, coação e da tortura”, aqui em Portugal temos efetivamente um melhor serviço para com a justiça, nem que seja por não estarmos na idade média.


Mas ainda assim não devemos ter direitos suficientes, já que os senhores inspetores nem sequer se deram ao trabalho de se preocupar com os meus.


Durante quatro longas horas, não tive a possibilidade de procurar conselho junto de um advogado (bem que eu queria um do estado, já que sou dos 99%) ou de contactar a família, colegas… ninguém. Ali fiquei, com o auspício da minha consciência, roído pelo stress e com fracos conselhos de e para mim próprio.

 

Sem entrar em detalhes – o que hoje me é proibido – concluo que tudo o que faz bip, tem botões e luzinhas pode interessar para a Justiça.

Sem nunca abordar os detalhes do caso (facto que sublinho), contactei um amigo a quem perguntei se as minhas atividades na internet tinham algo de ilegal.


Tomé Mendes sabe que aqui ando desde há muitos anos e acompanha, mais ou menos, aquilo que vou fazendo na Web em alguns projetos:

“Não sei tudo o que fazes na Internet. Mas em todos os teus projectos de que tenho conhecimento, não vejo nada de mal. Não vejo nada de criminoso,” respondeu.


O Tomé acrescentou ainda que “o Tugaleaks é certamente o que mais problemas te pode trazer. Mas isso é porque escreves coisas que muitos não queriam ver divulgadas”.

 

Agora, mais calmo, recordo as palavras de um outro amigo – por sinal jornalista: “Portugal é um país de arguidos, a única coisa que os diferencia é o acesso que têm, ou não, à verdadeira Justiça”.

 

Passadas quase duas semanas, e enquanto aguardo as cenas dos próximos capítulos, vou relendo o conteúdo dos meus projetos sem nunca encontrar o “crime” de que sou acusado e me foi meio-contado.


Talvez os meus leitores e amigos me possam ajudar a esclarecer este mistério. Por favor?

 

Enquanto isso, se o tema te interessa, comenta – pode ser até que me possas indicar o “crime” que alegadamente cometi, porque os factos todos nem eu os sei como arguido – e partilha este texto nas redes sociais.

 

Obrigado.

Rui Cruz, o arguido.

 

Retirado de Rui Cruz

 



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