Queiroz dá a entender que Gilberto Madaíl cedeu a pressões de patrocinadores e agentes
Queiroz dá a entender que Gilberto Madaíl cedeu a pressões de patrocinadores e agentes
O antigo seleccionador Carlos Queiroz revelou hoje que chegou a receber uma proposta para que fossem os adeptos a escolher o 23.º jogador para o Mundial 2010, dando este exemplo como "uma tentativa muitas vezes absurda e até ridícula de transformar a selecção num circo", corroborando as declarações do treinador Manuel José.
"Não me surpreende que as declarações do Manuel José possam ter fundamento, porque eu próprio me confrontei com uma tentativa muitas vezes absurda e até ridícula de exactamente transformar a selecção num circo", afirmou Carlos Queiroz, em declarações à rádio TSF.
"Nós convivemos com os patrocinadores e com os agentes. Por exemplo, uma das iniciativas que me foi proposta antes do Mundial era a de, como a selecção portuguesa ia levar 23 jogadores para o Mundial, você escolhe 22 e dê-nos um para escolher e a gente vai fazer aqui uma festa gira, jeitosa, pomos a malta toda a votar e o 23.º jogador é escolhido pelo povo", contou o antigo seleccionador.
Queiroz deixa ainda entender que Gilberto Madaíl cedeu a pressões de patrocinadores e agentes: "Quem se opõe em Portugal, como o presidente da federação dizia: 'O senhor está a meter-se com pessoas com muito poder, olhe que são pessoas muito fortes, olhe veja lá o que é que está a fazer...' Mas como eu me opus a determinadas iniciativas e chamei a atenção que determinadas acções eram prejudiciais à selecção nacional, mais tarde foram as pessoas que ele depois me disse 'Olhe que são as mesmas pessoas, que têm muita força, têm muito poder e que agora estão a dizer que o senhor tem de se ir embora e eu, coitado, não posso fazer nada, porque são eles que mandam'. Mas eu até hoje tenho tentado procurar o dr. Madaíl e o dr. João Rodrigues para me explicarem quem é que são as pessoas, mas eles não querem dizer".
Manuel José diz que selecção "é um circo autêntico"
O treinador Manuel José criticou na terça-feira a forma como tem decorrido a preparação de Portugal para o Euro 2012, qualificando-a como "um circo autêntico".
"O Beto disse ontem que precisavam de uma vitória com urgência, mas nada fizeram para concentrar os jogadores de forma a preparar um jogo crucial [frente à Alemanha]. Em 80% das vezes, o primeiro jogo determina o futuro. Isto não é profissional. Anda um país inteiro atrás de uma selecção que passa a vida em festas e mais festas e charretes. É um circo autêntico", disse o ex-treinador de Sporting e Benfica, em declarações à TSF.
"Isto parece um circo à volta da selecção. Fiquei com a ideia no jogo com a Turquia que estavam a transmitir imagens de jogadores a serem massajados. Isto não pode acontecer de forma nenhuma. Parece o 'Big Brother'. Não acho que estejam criadas as condições para obter sucesso", considera Manuel José.
"Tenho o maior respeito e simpatia pelo Paulo Bento, mas acho que, talvez devido à juventude, se está a deixar levar. Nunca deveria de ter permitido isto. Os jogadores têm de estar conscientes e concentrados no seu dever e no que sabem fazer, que é jogar futebol. Com este circo todo é evidente que eles não se concentram, mas mesmo sem isto, Portugal não é favorito. Não temos a equipa do passado", concluiu.
Retirado do Público
Ricardo Carvalho, magoado por ter sido qualificado de desertor por Paulo Bento por ter abandonado a seleção portuguesa de futebol sem justificação, disse hoje que poderia apelidar o selecionador de "mercenário". "Sim [magoou]. É muito forte, uma linguagem militar, chamar-me desertor. Com a mesma linguagem, eu podia chamar-lhe mercenário. Quando alguém vai para guerra pago, chama-se mercenário. Eu estou na seleção por amor, ele é selecionador porque lhe pagam. Não merecia que me tratasse dessa maneira", disse Ricardo Carvalho em entrevista à RTP. O defesa central do Real Madrid, que abandonou o estágio da seleção em Óbidos, a dois dias do jogo com o Chipre, depois de perceber que não seria titular, diz sentir que Paulo Bento exagerou: "Houve um certo aproveitamento do treinador de um episódio que não foi o mais correto da minha parte, para pisar-me e massacrar-me um pouco. Isso nunca fiz". "Ferido e desrespeitado", teve reação "a quenteDepois de abandonar o hotel onde estava concentrada a equipa na quarta-feira, sem apresentar qualquer justificação, Ricardo Carvalho anunciou a sua renúncia à seleção, em comunicado enviado à agência Lusa, manifestando-se "ferido e desrespeitado" na sua dignidade. Com 33 anos e 75 internacionalizações, Ricardo Carvalho sublinhou que tem sido um bom exemplo e que a sua reação foi "a quente", não compreendendo as palavras do selecionador na conferência de imprensa da véspera do jogo nem o tempo que dispensou a falar do seu caso, porque "Paulo Bento teve 24 horas". "Foi um sentimento muito forte que tive. Foi a quente. Quando cheguei do treino, achei que não me tinham respeitado, senti que estava a mais, fizeram-me sentir assim. Cheguei ao quarto e nem troquei de roupa. Não foi nada premeditado, estava com cabeça quente e não falei com ninguém. Foi o meu grande erro, não me passou pela cabeça. Estava tão desorientado naquele momento", explicou Ricardo Carvalho. "Grande injustiça" ser suplente de PepeO defesa disse que sentiu que "foi uma grande injustiça", porque "tinha treinado bem", quando viu que a titularidade seria para Pepe, com o qual costuma partilhar o eixo da defesa no Real Madrid, sublinhando que nada tem contra o colega. Ricardo Carvalho lembrou que, quando outros optaram por sair da seleção, preferiu ficar, sendo um dos mais velhos do grupo, e não fecha as portas a um eventual regresso. "Um dia mais tarde, se acharem que posso ser útil, estou disponível", afirmou. Na sexta-feira, com Pepe e Bruno Alves como defesas centrais, Portugal goleou o Chipre, em Nicósia, por 4-0, e manteve-se na liderança do Grupo H de qualificação para o Euro2012, em igualdade com a Noruega, com 13 pontos.
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Via Expresso