Sexta-feira, 07.10.11

Segundo Miguel Sousa Tavares, em comentário à SIC, "acabar com as touradas em Portugal seria seguir o caminho da estupidez", isto porque "numa democracia as minorias são respeitadas desde que não façam nada contra as maiorias". Que engraçado. Será que para Miguel Sousa Tavares a maioria que não gosta de ver um animal ser sacrificado numa arena (para gáudio de meia dúzia) deve ser desrespeitada? Tem de fechar os olhinhos, virar costas e ter paciência? É esta então a "democracia" segundo Tavares? Parece que sim, senão vejamos mais esta pérola, elucidativa:

"Só vai a touradas quem quer. Eu não costumo frequentar touradas mas isso não me dá o direito de querer proibi-las". Muito bem, sim senhor. Então podemos torturar pessoas numa prisão desde que uma minoria goste de se dedicar à causa, é isso? Quem não gosta - cala-se. E roubar? A minoria que rouba deve ser protegida? E lutas de cães? E de galos? Há quem goste, devemos respeitar e não proibir? Ou um cão vale mais que um touro? O Miguel tem um touro no quintal? E se eu lhe fanasse o cão (não sei se tem um mas supondo que sim e que não foi assado no espeto), o levasse até ao Campo Pequeno e com um grupo de amigos e passássemos toda a noite a espetar-lhe farpas no lombo, o Miguel gostava? E importava-se se a RTP patrocinasse a "corrida anual da matança do cão de Miguel Sousa Tavares" com os seus impostos? Posso indignar-me contra isso? É que eu gosto de cães... devo ser uma besta!

 

Bem se isto não é seguir o caminho da estupidez não sei o que será. Mas continuemos no trilho da barbaridade intelectual. Seguiu-se a comparação das touradas e hipotética proibição desta "arte" à proibição do programa Casa dos Segredos. Eu sou a favor das duas. Miguel Sousa Tavares é apenas a favor da segunda. Ora portanto sacrificar um animal ok. Assistir à barbárie intelectual de meia dúzia de animais racionais (aqui tenho dúvidas) é que não pode ser. "Até prova em contrário as pessoas raciocinam mais que os animais" - diz Miguel. Tem razão. Mate-se a bicharada toda. Afinal de contas para que servem as espécies para além da humana? Só dão trabalho. Sacanas.

 

Seguiu-se à alusão à ignorância e falta de informação das pessoas relativamente ao lado cultural do sacrifício do touro na arena, a história das touradas etc. Portanto depreende-se que para Miguel ignorantes são os que não gostam de ver Touros na arena a ser violentados, certo? "Goya, Picasso e Dalí pintavam touradas..."? E então? Picasso também pintou Guernica, gostaria ele de assistir a bombardeamentos alemães? De ver uma população morrer? Adoraria ele Hitler e Franco? E Goya? Não era a sátira e comédia um dos seus temas predilectos?

 

"Levada ao extremo a proibição dos touros de morte vai conduzir à extinção da própria raça". Bem com esta o Sr. Darwin ia sentir-se um perfeito idiota. Anos a desenvolver uma teoria e em três minutos Miguel Sousa Tavares dá-lhe cabo do trabalho. Fuck you selecção natural!

 

Mas continua: "Passa-se o mesmo com a caça. As pessoas têm a mania de proteger os animaizinhos". Tem razão Miguel. Vou já amanhã comprar uma caçadeira e lixar essa passarada toda que por aí anda. O burro mirandês também é uma espécie ameaçada. E se os começássemos a criar e depois sacrificássemos os bichos em praça pública? Não era giro? Salvávamos a espécie e nascia uma nova tradição? Afinal o que vale um burro? Dizem que nem as vozes chegam ao céu. São os caminhos da estupidez. Há vários, como os de Santiago. Cada um segue o que quer. 


Via Expresso



publicado por olhar para o mundo às 08:38 | link do post | comentar

Quarta-feira, 16.02.11

Fui levantar dinheiro a um multibanco e dei de caras com a imagem de Zezé Camarinha e por cima o slogan: "Camone and learn english" (Venha e aprenda inglês). Aprender inglês contigo, meu bronco? Pensei.

A publicidade negativa não deixa de ser publicidade. Mas a publicidade contraproducente pior do que negativa é imbecil. E este é um caso sério de estupidez publicitária. Uma escola que supostamente se dedica ao ensino do inglês escolher este personagem para ser a cara oficial de uma campanha publicitária de grande alcance, parece-me tão inteligente como num anúncio a um novo automóvel a marca que o construiu garantir que com este modelo o mais certo é você morrer ao volante.

 

Qual é o pai ou mãe com cérebros a funcionar normalmente que ao depararem com um anúncio deste calibre, e que até estejam a pensar colocar os filhos numa escola deste género, vão querer que os seus pequenos se transformam em mini-camarinhas no que toca à prática da língua inglesa? Ou ao que quer que seja, já agora. Já viram o que seria a criança num jantar de família dizer à avó "hey darling, put the cream number five!" e frases como: "No english, no babes" ou "Camone pá beach baby".

 

Não havia mesmo ninguém decente? Tinha de ser esta figurinha? Até na publicidade temos de nos armar sempre em chico-espertos da Europa? Escolher o labrego da praia da Rocha? Confundir inovação e criação com ignorância e miserabilismo na transmissão de uma mensagem que mexe com a educação de crianças? Escolher um homem capaz de dizer coisas brilhantes do género: "A nossa juventude é uma desgraça! Só tenho pena de eu andar sozinho neste jogo do engate aqui no Algarve! A juventude hoje em dia só pensa em drogas e em futebol! Tenho pena de não deixar nenhum sucessor!" (SIC, 2003); "Quando era miúdo a minha mãe, que era cozinheira num restaurante aqui da praia de Portimão, dava-me óleo de fritar o peixe, depois bronzeava-me com ele e punha uma toalha aqui e outra lá ao fundo onde vê aquele chapéu de sol da Sprite... Tudo o que fosse camone e invadisse este espaço, marchava logo!" (TVI, 2000); "Você duvida da minha machidade? Eu sou mesmo macho e tudo o que digo, faço. Se duvida vamos ali para trás do cortinado e tira as dúvidas! Nem precisa esgalhar-me o pessegueiro, a alavanca sobe automaticamente!" (SIC - dirigindo-se a Paula Coelho, apresentadora da SIC Notícias, que o havia acusado de "muita parra e pouca uva"); "Quando morrer quero que o meu pénis seja embalsamado e cremado, e que as cinzas sejam espalhadas por estas praias do Algarve, desde Lagos a Faro, que é o meu território de caça. Deste modo as praias serão purificadas. Claro que haverá cinza suficiente!" (SIC, 2002); "Eu na outra reencarnação devo ter sido um penso "isofrenico", daquelas da Evax ou da Insóniapois adoro andar entre as pernas das mulheres!" (SIC Radical, 2002). Será preciso dizer mais alguma coisa?

 

Se eu tivesse filhos, não teria qualquer dúvida em relação à escola onde eles nunca, mas em altura alguma, iriam aprender inglês.

 

Via 100 Reféns



publicado por olhar para o mundo às 11:19 | link do post | comentar

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