Quarta-feira, 21.09.11

Recomeçou o programa dos segredos da TVI e parece não haver segredo em relação à saloiice que continua a caracterizar a "casa mais famosa do país" (e aparentemente um dos bares de alterne com mais metros quadrados da europa). Do pasteleiro musculado (aliás toda a fauna masculina parece ter sido alimentada a papas de creatina) ao tipo do rancho folclórico, da rapariga que se orgulha de ter traído tudo o que é namorado que sentou à mesa dos papás (almoços em que adora debater a arte de "fornicar"- "especialmente quando há convidados") - à stripper com dois litros de implantes mamários (parte dos habitantes dos pastos açorianos devem morrer de inveja) e 1 mililitro de massa cinzenta. Do rapaz humilde e virgem que fazia furor entre as ovelhas todas da terra ao "garanhão" com a mania que é poeta mas com o QI de um javali.

 

Surpresa: a stripper é afinal ex-namorada de um dos pasteleiros, que aparentemente não sabia que a ia encontrar desta forma, choroso que está desde que esta o decidiu trocar por parte da corporação de bombeiros do barlavento algarvio. Para finalizar todos dizem procurar um futuro na representação? Perdão? Alguém é capaz de explicar a este grupo que a representação não é uma espécie de fungo que se apanha à beira da piscina num pré-fabricado da Venda do Pinheiro?

 

Não me venham com a desculpa habitual de que só vê o programa quem quer. As pessoas vêem este nojo porque ele está disponível e a inabalável verdade é que o ser humano adora contemplar a desgraça. De preferência a alheia. Os portugueses adoram dissecar acidentes. Observar a chapa amolgada e o sangue. De tal forma que se provocam filas só para ver um toque entre dois veículos. E olhar para um incêndio e a fazer comentários? - " Epá este é dos grandes - sim senhor"? Horas no Zoo a ver os macacos fazerem imbecilidades... E gastar dinheiro em revistas que falam da ex-mulher do médico dos obesos que andava enrolada com o motorista? Então qual o motivo válido para não gostarem de assistir a esta malta a expor a sua vida, as suas debilidades, a sua profunda ignorância, 24 horas por dia, 7 dias por semana?

 

E agora? Vamos deixar de prevenir incêndios, pôr de parte a prevenção rodoviária e levar com esta imundice em formato televisivo não criticando só porque há quem goste? Não.

 

A ERC, uma entidade que não se percebe bem para que serve mas que já fazia alguma coisa em relação à lixeira em que se está a tornar a televisão em Portugal, está à espera de quê? A educação de um povo não passa por aquilo que lhes é transmitido? A televisão não é hoje um meio fundamental na educação dos cidadãos? Os operadores televisivos neste momento são uma espécie de selva em que quase tudo é permitido, o limite são as audiências ou falta delas. 80 Mil desocupados candidataram-se a este programa e a TVI parece ter escolhido o azeite que escorria pelas folhas de inscrição. O lixo, a ignorância, a estupidez, a idiotice e a promiscuidade triunfam. Resumo: o povinho quer-se estupido e bacoco. Quanto mais ignorante, saloio e entretido melhor. E Portugal teima em não acordar do estado comatoso em que se encontra, conveniente a tantos. 



Via 100 Reféns



publicado por olhar para o mundo às 17:37 | link do post | comentar

Quarta-feira, 16.02.11

Fui levantar dinheiro a um multibanco e dei de caras com a imagem de Zezé Camarinha e por cima o slogan: "Camone and learn english" (Venha e aprenda inglês). Aprender inglês contigo, meu bronco? Pensei.

A publicidade negativa não deixa de ser publicidade. Mas a publicidade contraproducente pior do que negativa é imbecil. E este é um caso sério de estupidez publicitária. Uma escola que supostamente se dedica ao ensino do inglês escolher este personagem para ser a cara oficial de uma campanha publicitária de grande alcance, parece-me tão inteligente como num anúncio a um novo automóvel a marca que o construiu garantir que com este modelo o mais certo é você morrer ao volante.

 

Qual é o pai ou mãe com cérebros a funcionar normalmente que ao depararem com um anúncio deste calibre, e que até estejam a pensar colocar os filhos numa escola deste género, vão querer que os seus pequenos se transformam em mini-camarinhas no que toca à prática da língua inglesa? Ou ao que quer que seja, já agora. Já viram o que seria a criança num jantar de família dizer à avó "hey darling, put the cream number five!" e frases como: "No english, no babes" ou "Camone pá beach baby".

 

Não havia mesmo ninguém decente? Tinha de ser esta figurinha? Até na publicidade temos de nos armar sempre em chico-espertos da Europa? Escolher o labrego da praia da Rocha? Confundir inovação e criação com ignorância e miserabilismo na transmissão de uma mensagem que mexe com a educação de crianças? Escolher um homem capaz de dizer coisas brilhantes do género: "A nossa juventude é uma desgraça! Só tenho pena de eu andar sozinho neste jogo do engate aqui no Algarve! A juventude hoje em dia só pensa em drogas e em futebol! Tenho pena de não deixar nenhum sucessor!" (SIC, 2003); "Quando era miúdo a minha mãe, que era cozinheira num restaurante aqui da praia de Portimão, dava-me óleo de fritar o peixe, depois bronzeava-me com ele e punha uma toalha aqui e outra lá ao fundo onde vê aquele chapéu de sol da Sprite... Tudo o que fosse camone e invadisse este espaço, marchava logo!" (TVI, 2000); "Você duvida da minha machidade? Eu sou mesmo macho e tudo o que digo, faço. Se duvida vamos ali para trás do cortinado e tira as dúvidas! Nem precisa esgalhar-me o pessegueiro, a alavanca sobe automaticamente!" (SIC - dirigindo-se a Paula Coelho, apresentadora da SIC Notícias, que o havia acusado de "muita parra e pouca uva"); "Quando morrer quero que o meu pénis seja embalsamado e cremado, e que as cinzas sejam espalhadas por estas praias do Algarve, desde Lagos a Faro, que é o meu território de caça. Deste modo as praias serão purificadas. Claro que haverá cinza suficiente!" (SIC, 2002); "Eu na outra reencarnação devo ter sido um penso "isofrenico", daquelas da Evax ou da Insóniapois adoro andar entre as pernas das mulheres!" (SIC Radical, 2002). Será preciso dizer mais alguma coisa?

 

Se eu tivesse filhos, não teria qualquer dúvida em relação à escola onde eles nunca, mas em altura alguma, iriam aprender inglês.

 

Via 100 Reféns



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