A obra, traduzida por Jorge Vaz de Carvalho, integra na narrativa apenas personagens reais com a excepção do protagonista, Simonini, e mesmo este com um antepassado histórico real.
Os cenários narrativos são Turim, Palermo e Paris, usando o autor iconografia oitocentista do seu espólio.
Ao longo de 557 páginas desfilam jesuítas, satanistas, Ippolito Nievo, um seguidor do unificador italiano Garibaldi, o próprio Garibaldi, Alfred Dreyfus, e ainda maçons, carbonários, entre outras personagens de um século agitado.
O autor esboça a trama do romance em torno das falsificações da história, como Os Protocolos dos Sábios de Sião, forjados pela polícia secreta do Czar Nicolau II em 1897, que descrevem uma suposta conspiração judia para dominar o mundo, e que Hitler utilizou na sua política de exterminação dos judeus.
Esta e outras falsidades, como a documentação forjada para acusar o oficial de artilharia Alfred Dreyfus, seguidor da religião judia, de alta traição à França, em 1894, custaram a vida a milhões de pessoas.
Numa entrevista à revista Ler, Eco afirmou: «O 'Cemitério de Praga' faz-nos entender que os serviços secretos do século XIX eram exactamente a mesma coisa que os do nosso tempo».
Defende o autor que «o recurso à História serve para demonstrar que a história não progrediu».
O filósofo italiano Umberto Eco, 72 anos, estreou-se na narrativa com o romance O Nome da Rosa que lhe valeu o Prémio Strega, em 1981. Desde então publicou outros quatro títulos, entre eles O Pêndulo de Foucault. Na área ensaísta editou vários títulos e organizou a História da Beleza e a História do Feio.
Via SOL