Quando a mulher apresenta dificuldades na hora da penetração, o problema pode ser mais sério do que se imagina. Por achar que o pênis vai machucá-la, a parceira trava a musculatura da vagina, impedindo a entrada do pênis.
Esse distúrbio emocional recebe o nome devaginismo.
Segundo a Dra. Maria Cláudia Lordello, psicóloga, sexóloga e coordenadora da Psicologia no CATVA (Centro de Apoio e Tratamento ao Vaginismo), as mulheres que sofrem desse problema apresentam, entre outras características, ansiedade e baixa resistência à dor.
"Elas também possuem grande dificuldade em realizar mudanças de vida e de pensamentos. São dominadoras na relação a dois e, comumente, possuem maridos pacientes, compreensivos e que cedem às exigências das parceiras", completa.
O vaginismo é uma condição emocional, porém, se manifesta por meio de uma reação física, que é a contração dos músculos da vagina. A psicóloga explica que os fatores que desencadeiam o distúrbio são educação moral e religiosa severas, desconhecimento do próprio corpo, por dificuldade de tratar da região genital com naturalidade, e traumas decorrentes da primeira relação sexual, como abuso ou estupro.
Por conta do grande número de mulheres diagnosticadas pelo Departamento de Ginecologia da Unifesp, em janeiro de 2011 foi criado o CATVA.
No local, as mulheres passam por três avaliações: médica, fisioterápica e psicológica. "Esta primeira triagem ocorre mensalmente e pode ser agendada pelo telefone (11 - 5549-6174). Ao confirmar o diagnóstico de vaginismo, a paciente realiza tratamentos de fisioterapia, psicoterapia em grupo e individual", conta Dra. Maria Cláudia.
Ao contrário do que se pensa, a mulher vagínica sente prazer normalmente durante o sexo, se relacionamento por meio de carícias e de masturbação, podendo chegar ao orgasmo. Entretanto, ela procura sempre manter uma boa distância do orifício da entrada da vagina, que é onde se localiza a sua maior dificuldade.
A alta resistência da parceira durante a relação sexual acaba afetando outros campos da vida dela. "Com frequência, o vaginismo traz um sentimento de inferioridade perante as outras mulheres consideradas ‘normais’, acarretando um grave problema de autoestima", comenta Dra. Maria Cláudia.
O parceiro muitas vezes sofre junto com a mulher, mas quando tem conhecimento do problema pode até mesmo incentivá-la a procurar tratamento. "Mais do que compreender, o homem não pode permitir que a vagínica se acomode, pois somente se ela enfrentar o problema poderá aprender a superá-lo", orienta Maria Cláudia.
Via Vila Dois
Uma relação sexual consentida é sempre sinônimo de prazer, certo? Nem sempre. Por diversas questões, psicológicas ou patológicas, a mulher pode sim sentir dores durante a penetração.
Esses desconfortos são conhecidos como dispareunias e devem ser avaliados com detalhes pelo casal e por um especialista. Segundo a ginecologista Ângela Lopes Carvalho, a fase da excitação na mulher é fundamental para uma relação prazerosa e sem dores. "O clima de erotismo e as carícias preliminares, quando eficazes, levam ao relaxamento da musculatura das paredes vaginais e períneo e à lubrificação vaginal. Sem esses fatores, a mulher pode se queixar de dor na entrada (dispareunia superficial) e no fundo da vagina( dispareunia profunda)", explica.
Quando a mulher chega ao período de pós-menopausa, em que a função dos ovários declina, a lubrificação vaginal também é reduzida, a chamada "secura vaginal". "Nesta fase, deve haver o aprimoramento do erotismo, das carícias preliminares e, muitas vezes, o uso de medicamentos que melhorem a umidade vaginal. Quando bem orientada e medicada, a mulher pode manter uma vida sexual prazerosa, independente da idade", garante a ginecologista.
Dra. Ângela diz ainda que em determinadas posições a penetração do pênis é muito profunda, o que pode causar desconforto. "A sensação é a de que o órgão masculino toca em algo na região inferior do abdômen". E ressalta: "Em outros casos, o impacto dos movimentos é muito intenso, ocasionando o mesmo tipo de dor."
Para ajudar as vilamigas, a especialista enumerou algumas doenças que podem causar ou potencializar dores durante o ato sexual. Confira:
• Infecções genitais que levam ao ardor, prurido, corrimento vaginal e inchaço da vulva e vagina. Diante dessas queixas é importante procurar um ginecologista para obter um diagnóstico específico. Os tratamentos são simples e eficazes, geralmente com cremes vaginais e medicamentos via oral;
• Inflamatória pélvica, ou seja, infecções genitais que atingem trompas e ovários, provocando dor pélvica, corrimento geralmente purulento, mal-estar geral e febre. O tratamento pode variar de antibióticos via oral à injetável e, muitas vezes, há necessidade de internação hospitalar;
• Cistite (Infecção urinária): tem como principal característica a ardência para urinar e o aumento da freqüência e gotejamento de urina. O tratamento é com antibiótico indicado pelo médico;
• Tumores na região da vagina ou da pelve como bartholinite (infecção da glândula de Bartholin localizada na vulva), miomas (tumores benignos do útero), endometriose (patologia benigna que causa cólicas menstruais fortes e leva à proliferação do endométrio - camada interna do útero - para os órgãos vizinhos), cistos de ovários, etc;
• Vaginismo, definida como a contratura involuntária da musculatura vaginal e perineal no momento da tentativa de penetração. As causas geralmente são psíquicas e há necessidade de avaliação pelo médico e pelo psicólogo.
Dra. Ângela lembra que há outras formas de realização sexual, como o sexo oral e a masturbação, mas que não descartam a necessidade de diagnosticar e tratar as causas da dor. "Evite a acomodação e sempre procure a solução de qualquer aspecto diferente no seu corpo. Isto é fundamental para a sua saúde".
Por Juliana Falcão (MBPress)